domingo, 26 de julho de 2009

Ana e o mar? Mariana!



Mariana abriu os olhos. Mais um dia.

O celular se tremendo ao lado do travesseiro no horário de todos os dias, tocando aquela música que um dia fora trilha sonora da vida dela. Dela e de quem mesmo? Ah, claro. De mais um amor-da-vida-e-viveram-felizes-para-sempre. Contos de fada nem sempre tem final feliz.

Levantou-se da cama, tirou a calcinha de dentro da bunda, coçou o ombro e dirigiu-se à sala. Colocou uma música, acendeu um cigarro e olhou-se no espelho do corredor.

Todos os casais são iguais. Se amam e se perdem. Se dedicam e se esquecem. Se cobram e se traem. Enquanto um lado descobre os prazeres além-casamento, o outro recusa-se a enxergar a verdade. É uma queda de braço em que o perdedor sai amputado.

De frente para o espelho, de regata preta e calcinha rosa, unhas vermelhas e cabelos loiros. Cantava, tragava e dançava pela sala.

Mariana sentia-se livre. Não haveria mais desconfiança, não haveria mais ciúme, não haveria mais insegurança. Um basta para a intolerância e o egoísmo. Chega de perguntas sem respostas! Finalmente agira para dar um fim à tudo aquilo que a prendia, mesmo que um dia ela tenha acreditado que só assim estaria liberta.

Voltou para a porta do quarto e encostou-se no batente. Ainda segurava a bituca do cigarro, o filtro quase em brasa. Olhou para sua cama. Ele estava lá, os olhos vidrados nela. Mariana não resistiu e deu um sorriso de canto de boca.

Ele era tudo o que ela sempre sonhou. Bonito, carinhoso, sincero, viril e disposto.

Mariana curvou-se e deu um beijo demorado naquela boca fria. Seria o último beijo daquele casal.

Carinhosamente recolheu os travesseiros e lençóis tingidos de vermelho. Delicadamente pousou seus dedos sobre os olhos dele, a fim de fechá-los.

Pegou a faca ensanguentada no chão e suspirou. Sentiria falta dele.

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