quarta-feira, 28 de setembro de 2011

30 Cartas, 30 Dias #13

Dia 13 - Alguém que você gostaria que te perdoasse



Pedir e aceitar perdão é muito fácil. Quando é com os outros.

Perdoar a nós mesmos é bem mais difícil.

Eu quero me perdoar. Me perdoar por não ser hoje quem eu sempre quis ser com a minha idade. Me perdoar por não atender às expectativas dos outros, por me colocar em tantas situações embaraçosas ou desprovidas de compaixão.

Hoje eu quero me perdoar. Porque, acima de tudo, tudo o que fiz sempre foi em virtude de algo maior. Algo que nem você, nem o Pedro, nem o Fernando, nem o Marco, a Vera ou a Ana poderiam entender. Sempre foi em prol de mim e da minha felicidade.

Muitas vezes por caminhos tortuosos, de maneiras ininteligíveis ou seja lá o que for. Mas sempre [sempre!] foi acreditando que aquilo seria o melhor para mim e para as pessoas que amo.

Hoje me encontro numa posição em que nunca me imaginei. Morando onde sempre quis e louca de vontade de voltar pra casa. Se eu pudesse voltar no tempo... eu não mudaria nada.

Enxerga, mulher! Veja que você só é o que é por tudo o que viveu. Pelos sonhos destroçados, pelos corações partidos, pelos ideais destruídos. Mas também pelo que frutificou, pelo que ensinou, pelo que aprendeu, pelo sentimento de compaixão e amor pelos outros.

As expectativas sobre o que sou são reflexos de quem teve seus próprios sonhos dizimados - e vê a sombra do que eles foram refletida em mim. Mas não. Eu tenho meus próprios sonhos, meus próprios objetivos. Que continuam em constante mudança porque, eu mesma, sou uma metamorfose ambulante [parafraseando Raul].

Não errei, não menti, não prejudiquei. Sempre fui muito clara com todos a respeitos dos meus anseios e das minhas crenças. Nunca desfiz da minha personalidade nem tampouco escondi meus desejos. Eles são o que me fazem levantar todos os dias e pensar que é apenas mais um passo em busca do que me faz feliz.

Tenho que aprender a me perdoar, em definitivo.

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