sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Faz da lágrima sangue que nos deixa de pé!


Vigília
[O Teatro Mágico]

Milagre, milagre!

O milagre que eu esperei nunca me aconteceu. Mas não há de ser nada, pois eu sei que a madrugada acaba quando a lua se põe.

Os meus sonhos estão todos na UTI.

Esperanças já não há, os milagres estão todos em coma.

E eu? Eu sigo só, só me resta esperar. Faço vigílias todas as noites, do quintal da minha casa. Eu dou conta de todas as estrelas.

Certa vez eu dei falta de uma delas. Cadê a porra da estrela que estava ali? Ah, era uma estrela cadente. Ela é cadente... a estrela.

Eu tive cinco, eu tive cinco segundos para fazer a minha prece e fiz, e fiz, e fiz.
Enquanto estava de olhos fechados, eu imaginava os meus sonhos acordando. Eu imaginava a esperança batendo na porta da minha casa.

Enquanto eu estava de olhos fechados, a estrela caía. Perdeu a sua luz no fundo do mar.

E eu? Eu sigo, só. Só me resta esperar.

Eu faço vigílias todos os dias, do telhado da minha casa. Eu dou conta de todas as ondas, eu torço para que uma delas saia do lugar para que eu possa ver um brilho de luz no fundo do mar. Brilho de luz no fundo do mar.

Estrela a brilhar, sonhos a sorrir, milagres acontecendo.

Esperança de pé.

Mas não, mas não há de ser nada... Pois sei que a madrugada acaba quando a lua se põe.

A estrela que escolhi não cumpriu com meu pedido pois caiu no mar e se apagou. Se souber nadar... faz o favor...

O milagre que eu esperei nunca me aconteceu.

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