quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Ano 1

Preciso escrever. Preciso tentar colocar pra fora tudo aquilo que me enche, que me esvazia, que me apaga e que me ilumina.

Estou pensando seriamente em fazer uso de um caderno. Um diário, uma agenda, um sem-fim de páginas pautadas nisso que chama de ~sentir~. Pode parecer algo tolo e juvenil, mas a verdade é que sempre me expressei melhor escrevendo do que falando - porque as palavras fazem essa dança maluca na minha cabeça, se misturando, retorcendo, indo, vindo e sambando. Nunca fui boa em falar, não sigo uma rota linear nem cronológica, as palavras apenas vêm e vão, juntam-se aos pensamentos, corriqueiros, e dão as mãos aos meus sentimentos, tão intensos.

Por isso escrevo. Ao escrever, essas mesmas palavras se unem em uma ciranda, ora colorida, ora em sépia; organizando minha cabeça, meu coração e, por que não?, meu fígado e rins.

Eu sempre tive esse talento. Transformar sorrisos, suor, suspiros e saudades em palavras escritas, gramaticalmente corretas e por vezes com vocabulário rebuscado.

Com essa dona internet, encontrei diversas formas de me expressar. Primeiro, os blogs, depois fotologs, então o finado ICQ, depois o Orkut, MSN, Twitter e Facebook. Voltei ao esquecido blog porque é meu lugar seguro: no Twitter não tenho controle sobre quem me observa, dentre alunos, colegas de trabalho, amigos e namorado; no Facebook, aquela que se une a mim por sangue, minha família.

Mas se o sangue corre nas veias, é por pura falta de opção.

Esse setembro, como todos os outros, me trouxe novos caminhos e perspectivas. Recebi uma nova promoção - sim, mais uma. Como não acreditar na minha capacidade e competência com uma média de uma promoção no trabalho a cada sete meses, com pouco mais de dois anos na companhia? Um novo caminho, um novo horizonte, novas metas e novos planos.

O coração, ah o coração. Esse é um maluco descompassado. Me olha, me vibra e me dobra. Me apaixona e desapaixona, me remete ao passado, ao presente e ao futuro e me borda com sonhos. Sofro ataques energéticos por conta dele - meu coração e dos outros. Sou perseguida, acusada, atacada e banida (as pessoas acham mesmo que não sei quando me fazem presente mesmo eu estando distante ou que não deixam suas marcas digitais ao verificarem minha vida atrás de algo que não encontrarão?). Também sou acolhida, querida, amada e carinhada mesmo sem ter o merecimento.

O que acontece dentro de mim só compete a mim. Não importa se é meu irmão, minha filha, meu namorado ou um amigo. Não dá pra saber o que é estar presa sob essa camada de força e determinação. Não dá pra saber o que é se vestir de corpete para dançar Edge of the World - com exatamente a mesma coreografia para dois namorados diferentes com um intervalo de sete anos; ou vestir o peito daquelas velhas esperanças, tão sólidas e tão burras. Não dá pra saber o que é enfrentar o dia a dia pensando no que foi, no que não foi, no que será e no que seria. Não dá.

Não dá pra ser honesta com os outros o tempo todo. Os outros não gostam de ouvir as verdades. E no fim, só eu é quem sei o que sinto: amor de puro amor.

E que a vida recomece!



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