Semana passada minha melhor amiga foi agredida pelo namorado. Além de dar todo um apoio pra ela, acabei tendo que lidar com velhos esqueletos escondidos no meu armário, o que fez com que de uns dias pra cá eu tenha andado mais pra lá do que pra cá.
E não, ela não fez B.O. E eu entendo o porquê. É uma mistura de raiva, frustração, decepção, humilhação e incapacidade tão grande que a única coisa que se quer é dormir. Por uns bons anos.
Bem... A minha primeira vez não existiu. Com 16 anos, fui ingênua em um acampamento e quem eu considerava meu melhor amigo me levou numa barraca bem rapidinho e abusou de mim, ébria e apavorada.
Em vez de me fechar, tive a reação contrária: virei uma pequena promíscua, o que fui até encontrar alguém que eu amasse. Dava realmente pra que eu quisesse, quase que mecanicamente, sem sentir direito o que estava fazendo. Acho que estava tentando afirmar que o corpo era meu e eu fazia o que bem entendesse com ele, mesmo que ele tivesse sido violado. Era meu. Só fui gozar com 20 anos - como foi bom! - e eu disse "eu te amo" sinceramente pela primeira vez.
De certa forma, esse trauma contribuiu para que eu me tornasse a mulher que sou hoje. Mas sou torta, fiz tudo ao contrário. O normal para uma garota que passa por isso é se fechar. A maioria das mulheres que foram abusadas fica com seqüelas psicológicas sérias. Isso porque, diante de um trauma tão violento, algumas pessoas escolhem esquecer a lidar com ele. Mas nada se esquece e nada passa; vai tudo ficando amontoado no subconsciente.
Um comentário:
Luca, leia seu e-mail.
Com os cumprimentos...
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