sábado, 20 de junho de 2009

Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo, mas não há mais muito tempo pra sonhar

Hoje meu irmão teve consciência de uma das grandes verdades da minha vida. Mas eu sou covarde o suficiente pra não ter coragem de falar, então escrevi.

Fico imaginando a cara dele frente à uma das verdades que mais chocariam as pessoas.

Eu, pessoalmente, levei anos de terapia pra aceitar isso. Anos de terapia e terapeutas diferentes. E, um dia de repente, tudo fez sentido: meus problemas na pele, as dores de cabeça, a dificuldade em lidar com sentimentos.

Às vezes as pessoas acabam cometendo injustiças sem perceber, ferindo pessoas queridas sem necessidade.

Desde o dia em que me dei conta, meus problemas psicossomáticos diminuíram sensivelmente. Mas acabo criando outros, acabo fazendo os outros sofrerem, se preocuparem. E eles não merecem nada disso.

Confesso que foi um alívio. Uma das verdades mais latentes em mim, e que só é de conhecimento dos meus antigos terapeutas e de um amigo muito especial. Infelizmente, hoje foi necessário que mais pessoas soubessem disso, afinal, não precisam aguentar um comportamento agressivo sem saber o porquê.

Tive uma infância difícil, mesmo tendo pais que se esforçavam pra oferecer do bom e do melhor pra mim e meu irmão.

Mas faltou uma coisa básica: alimentar o coração.

Meu pai sempre foi um cara fantástico, que se desdobrava em carinho, afeto e amor comigo. Eu sempre fui - e sou até hoje - a 'princesinha' do papai. Ele sempre está atento para que eu não fique desamparada, apesar de ter se tornado menos compreensivo ao longo dos últimos anos.


Minha mãe sempre foi o oposto. Não lembro de momentos de carinho nem de compaixão. As lembranças mais latentes que tenho são de palavras duras e mãos pesadas, apesar dos meus apelos. Lembro do medo, do pavor, do desprezo.

E hoje é ela quem roga por meu carinho e compaixão.

Mas eu não consigo. As pessoas podem ficar estupefatas, dizer que é tudo coisa de criança mimada. Mas é um fato, e é algo que eu mesma aceitei há pouco tempo.

Eu não amo a minha mãe.

Talvez por isso eu me esforce tanto em oferecer tanto carinho àquela que cresceu dentro de mim. Faço questão de transformar meu sentimento em palavras e atos todos os dias, para que ela jamais se esqueça e mantenha a reciprocidade do sentimento mais sublime que existe na face da terra.

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