Escrevo. Escrevo porque preciso, para que tudo isso que está guardado, aprisionado e amarrado dentro de mim saia. Saia pelas minhas palavras mal digitadas, saia pelos poros com o suor, saia com a fumaça do cigarro a cada baforada.
A cada fim de ciclo, procurei em mim as razões de uma separação. Eu nunca fui boa o suficiente. Até você.
Você chegou, e não foi de mansinho. Chegou como um furacão, tirando tudo do lugar, fazendo com que a velharia voasse porta afora. E com você eu não fui boa. Eu fui ótima.
Sabe, gostava do jeito que éramos. Nosso conto de fadas.
O problema é que os contos de fada acabam no 'felizes para sempre'. Não contam a dura rotina da Branca de Neve em manter o palácio em ordem e cuidar dos filhos. Não contam o que acontece quando a Cinderela encontra um SMS de uma desconhecida no celular do príncipe. Não dizem o que acontece quando a Bela Adormecida finalmente acorda e percebe que o príncipe encantado não é tão encantado assim.
Não existe 'felizes para sempre'. Existe o 'aturo teus defeitos até onde der'.
Eu nunca fui uma princesa. Sempre estive mais para caçadora, daquelas que enlouquecem os homens por não se entregar. A princesa toma cuidado com o corpo, a caçadora toma cuidado com o copo.
Meu copo ficou meio vazio, e resolvi que devo enchê-lo. Cadê a vodca?
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