domingo, 27 de março de 2011

"É sempre melhor dizer eu errei do que eu menti"
[Fabrício Carpinejar]

De repente me descubro sozinha. A cama vazia, a noite fria e escura. Falta.

Não posso negar que tenho uma esperança burra de que as coisas se resolvam. Não gostaria de pensar nisso, não gostaria de sentir o que sinto. Queria poder tirar meu coração do peito e jogar pra longe, pra água, pro frio, onde pudesse congelar e ficar inerte ao agora. Só o reaveria depois que eu já tivesse reorganizado a minha vida depois do furacão.

Quando a gente escolhe ficar com alguém, essa pessoa não vem sozinha. Ela traz também todas as dores, todos os traumas e infelicidades gerados no passado. Mas se você realmente vir a amá-la, todos esses problemas parecerão pequenos demais quando estão juntos. O que vai fazer a diferença é o nível do seu comprometimento com o outro.

Eu te amei, eu te amo, e muito. Eu soube o que é amar como Julieta, um amor que nos faz deixar os amigos e entes queridos para trás, um amor que nos faz atravessar quilômetros e recomeçar. Eu tive coragem de me agarrar a esse amor. Se não fosse amor, não haveria planos, nem ciúmes, nem coração magoado. Se não fosse amor, não haveria desejo, nem o medo da solidão. Se não fosse amor não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você. Se não fosse amor eu já teria desistido de nós. Talvez você já esteja certo de que não me ama mais. Tudo bem, mas então não diga que foi amor. Foi apenas mais uma paixão, passageira e efêmera como qualquer outra.


Não sei que raios de ligação é essa que me impede de me desvincular de você. Sempre quis te ver bem, quis te ajudar a amadurecer, a se esquivar dos vícios de criação, e fico decepcionada quando algo te faz sofrer. É triste pensar que me encontrei em seus olhos castanhos e em sua voz mansa. É triste pensar que eu tenho a lembrança de todas as coisas que você me disse, de todas as coisas que me fizeram sentir melhor, e essas coisas eu não vou esquecer.

Eu posso até dizer que não quero mais, que estou indo embora, ou qualquer coisa do gênero. Mas eu não vou conseguir tirar você do meu coração. Eu estaria mentindo se dissesse que sim. Eu te amo, isso não vai mudar, ainda que algumas coisas não sejam mais as mesmas.

Eu queria ser única pra você. Única em tudo, entre todos. A única que tem o cabelo mais bonito, os olhos mais belos e a boca mais perfeita. A única que você acha linda quando acorda e a única mulher com quem você pode conversar sobre qualquer assunto que lhe venha à cabeça. A única que te faz realmente bem, que te faz realmente feliz. Porque mesmo que eu não seja a única que te ama nesse mundo, eu sou a única que te ama com essa intensidade, com essa paixão. A única capaz de mudar o mundo por você. A única capaz de enfrentar o mundo por você. E você, sem dúvida, é único pra mim. De tudo o que eu disse, você me encanta, me domina, me apaixona. Eu só queria que isso fosse mútuo.

Eu não vou ligar pra você, não vou te bloquear no MSN nem tampouco te chamar pra conversar. Não vou sair correndo atrás de você, agindo estupidamente gritando na rua que eu te amo. Não vou mais perguntar sobre a aliança perdida da minha mãe nem se você já foi ao médico. Não vou te contar quando farei o exame nem o resultado. Não vou dizer pra você nem pros seus amigos quais são meus novos planos pro futuro.

Espero que você esteja feliz, porque te querer feliz, sempre foi mais importante do que apenas querer você.

 
”Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada…”

Caio Fernando Abreu

Nenhum comentário: