Ela o olhava com aquela expressão que ele já conhecia muito bem. A expressão de quem sabe que fez uma cagada homérica mas, truque da memória, não tinha a menor ideia do que era.
Ele a olhava desolado. Ela simplemente não entendia a dor que ele trazia. Uma dor constante, remoída, mastigada. Como alguém poderia errar tanto e nem se dar conta da dimensão de seus pequenos atos?
Ficaram se olhando por minutos intermináveis. Em silêncio. Vez ou outra ele abaixava a cabeça procurando sei-lá-o-quê enquanto ela mantia os olhos fixos, sem que ele percebesse que ela enxergava através dele.
Maldito passado que não se apaga. Ele sentia o nó subindo pela garganta e jurava pra si mesmo que não choraria. Nunca mais ela o veria chorando. Não por ela.
Ela não entendia nada e entendia tudo. Fingia que não era com ela, era mais fácil do que assumir a culpa pelo que já acontecera. Já fora condenada por tantos crimes que não se daria ao luxo de ser acusada novamente.
Ela não percebia, mas os olhos dele já a acusavam. Olhos vermelhos, marejados. A dor que insistia em formar um bolo na garganta. Ele, na ânsia de mostrar-se impassível, não notara que ela procurava no arquivo da memória o que raios havia a transformado em sapo.
Ações. Emoções. Palavras emocionadas que ela se negava a ceder.
Emoções. Ações. Atos racionais que ele se recusava a fazer.
Pelo travesseiro ele olhava a metade dela, com olhos inexpressivos. Foi então que ele se deu conta que o mundo não pararia porque ele precisava disso, o dia não deixaria de ser cinza e o mundo não ficaria colorido. Ele procurava sabedoria para lidar com aquela situação, que se fosse colocada abertamente, mudaria as manifestações dela. Era o que ele queria, mas não assim. Teria que ser espontâneo.
Ela olhava a metade dele, com a barba por fazer. Porquê raios ele insistia em assuntos outrora acabados? Ela conseguia invadir os pensamentos dele, quase que os lendo telepaticamente. Mas não entendia nada. Não entendia do que se tratava e nem porque ele a queria daquela forma. Ela sabia que ela não era boa com as palavras. Já fora, um dia, mas não agora. Se ela agisse como ele queria, talvez ela deixasse de ser quem era. Estava sendo difícil pra ela, mas ela estava tentando ser forte. E continuava sem entender a recusa dele em aceitar isso.
Ela tinha as chaves dele. Mais ninguém. Já ele não sabia mais se tinha acesso à ela.
Ela tinha todas as certezas, enquanto ele carregava todas as dúvidas. Não era a primeira vez que se percebiam distantes, apesar da proximidade. Ele, emoção. Ela, razão. E o que um esperava do outro era justamente o oposto.
Ela é ele.
Ele a olhava desolado. Ela simplemente não entendia a dor que ele trazia. Uma dor constante, remoída, mastigada. Como alguém poderia errar tanto e nem se dar conta da dimensão de seus pequenos atos?
Ficaram se olhando por minutos intermináveis. Em silêncio. Vez ou outra ele abaixava a cabeça procurando sei-lá-o-quê enquanto ela mantia os olhos fixos, sem que ele percebesse que ela enxergava através dele.
Maldito passado que não se apaga. Ele sentia o nó subindo pela garganta e jurava pra si mesmo que não choraria. Nunca mais ela o veria chorando. Não por ela.
Ela não entendia nada e entendia tudo. Fingia que não era com ela, era mais fácil do que assumir a culpa pelo que já acontecera. Já fora condenada por tantos crimes que não se daria ao luxo de ser acusada novamente.
Ela não percebia, mas os olhos dele já a acusavam. Olhos vermelhos, marejados. A dor que insistia em formar um bolo na garganta. Ele, na ânsia de mostrar-se impassível, não notara que ela procurava no arquivo da memória o que raios havia a transformado em sapo.
Ações. Emoções. Palavras emocionadas que ela se negava a ceder.
Emoções. Ações. Atos racionais que ele se recusava a fazer.
Pelo travesseiro ele olhava a metade dela, com olhos inexpressivos. Foi então que ele se deu conta que o mundo não pararia porque ele precisava disso, o dia não deixaria de ser cinza e o mundo não ficaria colorido. Ele procurava sabedoria para lidar com aquela situação, que se fosse colocada abertamente, mudaria as manifestações dela. Era o que ele queria, mas não assim. Teria que ser espontâneo.
Ela olhava a metade dele, com a barba por fazer. Porquê raios ele insistia em assuntos outrora acabados? Ela conseguia invadir os pensamentos dele, quase que os lendo telepaticamente. Mas não entendia nada. Não entendia do que se tratava e nem porque ele a queria daquela forma. Ela sabia que ela não era boa com as palavras. Já fora, um dia, mas não agora. Se ela agisse como ele queria, talvez ela deixasse de ser quem era. Estava sendo difícil pra ela, mas ela estava tentando ser forte. E continuava sem entender a recusa dele em aceitar isso.
Seria talvez bom que não existissem verdades absolutas. Mas existem. Na vida há realmente coisas que são inalteráveis, que não dependem da nossa vontade ou sequer do nosso empenho. São o que são e nada mais há a fazer, a decidir ou a alterar.
Seria bom se ambos pudessem esquecer. A dor dissipa, a paixão dissipa. O amor condensa, assim como a mágoa.Ela tinha as chaves dele. Mais ninguém. Já ele não sabia mais se tinha acesso à ela.
Ela tinha todas as certezas, enquanto ele carregava todas as dúvidas. Não era a primeira vez que se percebiam distantes, apesar da proximidade. Ele, emoção. Ela, razão. E o que um esperava do outro era justamente o oposto.
Ela é ele.
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