domingo, 9 de agosto de 2009

O Dia dos Pai[drasto]s

Todo ano, quando chega agosto, as homenagens se fazem presentes aos pais. As lojas fazem promoções, os restaurantes apelam para as homenagens ao 'velho pai', as escolas elaboram trabalhos e encenações para o evento.

Pai é o protetor da candura, da infância, do lar. Pense-se em proteção e a imagem que surge, habitualmente, é a de um homem forte, zelando pela prole. A questão é atávica, pois sempre se imputou ao homem, pela sua força e coragem, a questão de proteção aos seus filhos.

No entanto, quando se fala de Dia dos Pais, desejamos lembrar de almas valentes que devem se encaixar em famílias já prontas. Desejamos lembrar da figura heróica do padrasto. Essa criatura que adentra um lar já formado e precisa ter o cuidado e o esmero de consagrado cirurgião.

Ele se enamora com uma mulher e a filha o enfrenta, logo de início: 'Se fizer qualquer coisa que magoe minha mãe, você vai se ver comigo.' Ou então: 'Se você pensa mandar em mim, só porque está com minha mãe, pode esquecer. Você não é meu pai.'

Esse homem deve conviver em bom relacionamento com sua namorada e mãe daquela garotinha. E ele procura, todos os dias, não esquecer disso, atendendo ao que faz e ao que diz. Ele sabe que pisa em terreno frágil.

Outro dia, a garotinha se prepara para uma festa e exclama: 'Preciso de sapatos para combinar com este vestido!' O padrasto, sem levantar os olhos do jornal, diz: 'Que tal darmos uma passada naquela loja que você tanto gosta?'

Ela chega em casa com o boletim ruim e depois da bronca da mãe, escuta o padrasto: 'Eu entendo do assunto. Posso ajudar, se quiser, estudando com você, para a prova de recuperação.'

E assim vai. Dia a dia, passo a passo, aquela figura estranha do padrasto vai conquistando espaço nos corações da filha e da sua namorada.

Com extraordinária habilidade, aquele homem vai dizendo o que pensa e o que seria melhor, já que lhe pedem a opinião. Não avança o sinal. Conquista o respeito, de forma paulatina e contínua.

Ah, padrastos de coração de ouro e paciência inesgotável. Dão carona para o cinema, vão assistir a apresentação da escola, se emocionam com as conquistas da criança.

Então, acontece: a garotinha pede conselhos sobre o menininho da escola. Faz questão de que ele a acompanhe naquela viagem para o sítio do avô. Por fim, um dia, aquela mocinha arrogante que o enfrentou, ameaçando-o caso ele magoasse a sua mãe, diz para a mãe: 'Ele é um cara super legal. Nunca faça nada que o possa machucar. Precisamos dele.'

Esse é o dia da recompensa do padrasto. O dia do reconhecimento por tanta dedicação. Por ter assumido filhos que não são da sua carne e de seu sangue, como se seus filhos fossem.

Por isso, quando pensamos em homenagear os pais, decidimos homenagear esta figura ímpar do padrasto.

Daquele que ainda se encontra em vias de conquista do afeto dos enteados. Daquele que já alcançou lugar privilegiado nos corações dos filhos da sua amada. Daquele que mãe e filhos descobriram que é tão importante, a sua presença tão especial que parece que ele sempre esteve ali.

[adaptado daqui]




Feliz dia dos pais para meu pai, para meu avô, para o pai da minha filha. E, especialmente, para aquele que no próximo ano também receberá presente nesse dia.

#amamos

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