domingo, 22 de março de 2015

Via de mão única

Um dia eu tive que fazer aquela que eu julgo a escolha mais importante da minha vida: minha carreira ou meu casamento.

Depois de muito me sacrificar e não receber o que eu gostaria, eu escolhi o caminho mais fácil; deixei que meu companheiro fosse embora com a promessa de que eu não o acompanharia e de que nunca mais voltaria àquele lugar.

Não precisei mergulhar no trabalho, eu estava de férias, mas mesmo assim meu trabalho mergulhou em mim. Tão logo meu primeiro descanso anual terminara, recebi a notícia da minha segunda promoção, não para o cargo que eu almejava mas sim fruto de um convite para outra área - que acompanhava o vislumbre de muitas horas extras, um bom dinheiro, um novo tipo de visibilidade, uma relação mais próxima com a gerência, viagens e quiçá ir embora do país.

Quase tudo isso aconteceu, com as vantagens de me aproximar de pessoas que eu nunca havia imaginado, novos elos de amizade e parceria, e um desenvolvimento descomunal.

Eis que esta semana recebi um novo convite. Não foi bem um convite, vá lá, foi mais uma intimação. Algo que eu não esperava, mas que me dá a visão de novos desafios através de outra reviravolta. Me sinto completa, compreendida e valorizada. Já não pareço em nada com quem eu era há alguns meses, há alguns anos.

E neste momento, revisitando o passado, estou naquele lugar que eu prometi nunca mais voltar. Hoje sou apenas mais uma turista entre tantos que se encantam com o ar frio e as palavras cantadas daqui - coisas que já não me comovem há anos. Mas eu olho pro lado e posso sentir toda o respeito, admiração e carinho emanando desta pessoa deitada na cama comigo.

Sim, eu fiz a escolha certa.