sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Em paz



Às vezes chego a me considerar uma idiota. Eu perdoo fácil, eu tenho esperanças, eu sou uma romântica incorrigível. Acredito em contos de fadas, em "felizes para sempre" e em "se não está bem é porque não acabou". "O que há de ser, será" sempre me foi muito crível.

Daí que eu resolvi adotar outra frase. "Live and let live".

Daí que eu tô livando. Livando e me livrando de amarras e velhos hábitos. Já? Sim, quando temos uma mudança radical nas nossas vidas, é muito mais fácil nos livrar do que é velho e nos acompanha há muito tempo.

A esperança? Tá ali, no canto dela. Deixa quietinha; quanto menos eu mexer com ela, menores as chances da fera me atacar.

E ao invés de "o que tiver de ser, será"; deixo um "que venha em paz o que o futuro trouxer".

domingo, 18 de dezembro de 2011

Deixa o sol bater na cara



E foi assim. Não foi indolor, mas foi rápido. Acho que fiquei craque com o tempo. Aproveitei pra chegar ao fundo do poço e me escarafunchar no lodo.

Pensei em dizer tantas coisas, sobre o passado, sobre o presente, sobre o futuro. Pensei, pensei e, pela primeira vez na vida, não agi.

E foi procurando algo que nem lembro mais o quê que eu percebi: tanto faz. Passou. Acabou. Desapareceu.

Já posso dizer que sou feliz de novo!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Who would have known how bitter-sweet this would taste?


 "Amor eterno é terminar várias vezes a relação para descobrir onde fica o fim e enganar o tempo."

Tinha que ser assim. Senão não teria um fim, jamais.

Pra um amor ter chance de acabar, de verdade, tem que doer. Tem que chegar no fundo do poço, deixar a sanidade de lado, esquecer o limite do razoável. Tem que ter grito, lágrima, força e raiva. Tem que machucar e fazer lamber a ferida aberta pra que ela não feche tão cedo. Pra fazer ter vergonha, perder auto-estima, perder dignidade.

Se não é assim fica sempre uma rachadura na represa do amor. E é por essa rachadura que o amor força e inunda tudo de novo.

Se dói, machuca, ofende, faz com que as rachaduras sejam cobertas com o concreto do rancor. Não deixa o amor inundar mais.

Tem que arrancar o coração do peito, dilacerar a alma. Tem que ouvir mil vezes a música que lembra os bons momentos pra chorar bastante e queimar o sentimento no fogo da decepção. Tem que crucificar a esperança e exorcizar a saudade. Tem que esperar pra esquecer o cheiro, o gosto, a cor dos olhos e a covinha no canto da boca.

Tem que ver os sonhos em frangalhos pelo chão, tem que recomeçar do zero. Tem que confundir coragem com precipitação.

Tem que ficar de luto, se aninhar no colo dos amigos, beijar bocas e provar sexos pra confundir os sentidos. Tem que relembrar cada promessa não cumprida, cada compromisso não respeitado, cada carinho não correspondido.

Tem que ter um ás fora do baralho e não ter um curinga pra colocar de volta.

Tem que ser assim, senão não tem um fim, nunca.

Faz da lágrima sangue que nos deixa de pé!


Vigília
[O Teatro Mágico]

Milagre, milagre!

O milagre que eu esperei nunca me aconteceu. Mas não há de ser nada, pois eu sei que a madrugada acaba quando a lua se põe.

Os meus sonhos estão todos na UTI.

Esperanças já não há, os milagres estão todos em coma.

E eu? Eu sigo só, só me resta esperar. Faço vigílias todas as noites, do quintal da minha casa. Eu dou conta de todas as estrelas.

Certa vez eu dei falta de uma delas. Cadê a porra da estrela que estava ali? Ah, era uma estrela cadente. Ela é cadente... a estrela.

Eu tive cinco, eu tive cinco segundos para fazer a minha prece e fiz, e fiz, e fiz.
Enquanto estava de olhos fechados, eu imaginava os meus sonhos acordando. Eu imaginava a esperança batendo na porta da minha casa.

Enquanto eu estava de olhos fechados, a estrela caía. Perdeu a sua luz no fundo do mar.

E eu? Eu sigo, só. Só me resta esperar.

Eu faço vigílias todos os dias, do telhado da minha casa. Eu dou conta de todas as ondas, eu torço para que uma delas saia do lugar para que eu possa ver um brilho de luz no fundo do mar. Brilho de luz no fundo do mar.

Estrela a brilhar, sonhos a sorrir, milagres acontecendo.

Esperança de pé.

Mas não, mas não há de ser nada... Pois sei que a madrugada acaba quando a lua se põe.

A estrela que escolhi não cumpriu com meu pedido pois caiu no mar e se apagou. Se souber nadar... faz o favor...

O milagre que eu esperei nunca me aconteceu.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O dia em que parei de ajudar os outros

É engraçado como muitas coisas fazem sentido e deixam de fazer de uma hora para outra. Bobagem! Acabei de perceber, ao escrever, que nada muda assim tão rápido, na verdade o que acontece como de imediato é a tal gota d’água.

Todo mundo tem um limite. Eu tenho um que parece eterno, ao contrário do que dizem. É engraçado como a percepção de quem está ao nosso redor é diferente da nossa. O que não quer dizer que uma ou outra está equivocada, talvez as duas estejam certas, os referenciais é que mudam.

Para quem passa do limite com alguém, o outro tem sempre pavio curto e se irrita desnecessariamente, já para quem ficou puto, tudo levou anos, mesmo que aconteceram em horas, até o copo transbordar.

O que escreverei agora não é uma verdade absoluta, é na verdade um desabafo ou um “mimimi” na gíria da galera super-hiper-mega-descolada da web, mas que mora no fundo da casa da mãe.

Provavelmente meu instinto ou minha essência acabarão por me fazer mudar de ideia em um futuro próximo. Ok, talvez nem tão próximo assim…

A verdade que tenho hoje é que me cansei dos seres humanos.

Durante muitos anos insisti ao tentar mostrar uma certa fé nas pessoas. Cansei. A questão que passei a perceber é que poucos valem a pena, a grande maioria não passa de mais do mesmo, gente espreitando uma oportunidade para olhar somente o seu de forma diferenciada.

Sei que minha visão parece pessimista, na realidade, acredito até que seja, muito dela motivada pelo rancor que possuo daqueles que não sabem aproveitar as chances que a vida dá.

É isso mesmo que você leu, fico muito mais consternado ao ver que todo mundo tem oportunidades, mas poucos entendem como aproveitá-las. É frustrante ver as pessoas se confundindo diante de portas escancaradas para apenas furtar-se a espiar pelo buraco da fechadura.

Em algumas ocasiões fiz parte dos que tomavam as portas abertas como coisa normal do destino. A quem estou enganando? O “em algumas ocasiões” é um eufemismo, foram ocasiões demais para serem ridiculamente chamadas de “algumas”.

Das boas oportunidades que tive, parte delas desperdicei por ser inexperiente. Isso poderia ser facilmente resolvido se eu tivesse a quem recorrer. Coisa que não tive, pois o destino não me deu meu pai por muitos anos, mas isso é outra história. As minhas outras influências também não eram das melhores.

Foram anos batendo a cabeça em batentes ao invés de simplesmente aceitar os fatos, simplificar a vida e passar por entre eles.

Claro que nem toda oportunidade vale a pena, muitas são barcas furadas e é difícil saber realmente por qual caminho seguir ou não seguir. Parte das escolhas é baseada em experiência, parte baseada em pressentimento.

Hoje já desperdiço muito menos oportunidades boas do que antigamente, as cicatrizes de escolhas ruins mostram que nem sempre o caminho mais bacana é o mais indicado. Aliás, raramente o mais bacana é!

Pode ser uma coisa só minha, mas vi que não nasci para ter vida fácil. Não tenho perfil para se encostar em alguém e comer as sobras assim como os chacais fazem com os leões.

Já optei pelo caminho mais fácil para ver no que daria. Perda de tempo. Só isso. Para não dizer que não ganhei nada, ganhei experiência, que é o nome que se dá para quando pegamos a rota errada.

Vi que no meu caminho só haveria uma solução, o trabalho árduo. Seria obrigado a ralar para ter o que queria, não por princípio, afinal, se tivesse tido sucesso na vida mole não optaria por suar, mas a vida é assim, uma professora implacável. Primeiro te reprova para depois te dar a lição.

Demorei ao encontrar meu caminho, nem sei se o que estou é o definitivo, mas pelo menos adotei o rumo como o que desejo, pode ser que ainda aconteçam alterações.

Enquanto apanhava e batia também fui percebendo como era difícil fazer tudo sozinho e que, se um dia eu tivesse êxito, daria oportunidades e orientações que me faltaram aqueles que precisassem. Repare, “aqueles que precisassem” é muito diferente de “aqueles que pedissem”.

Raramente o sujeito que está formando o galo na cabeça entende que está errando e precisa de uma mão. Por isso, se eu tivesse proximidade suficiente com alguém, daria uma mão, mesmo que sem a pessoa pedir.

Para o sapo vive no fundo do poço, o mundo é do tamanho da boca dele.

Na teoria, o que planejei estava perfeito. Infelizmente a prática me mostrou outras coisas:

• Limitações instransponíveis
Não dá para fazer um jumento correr um grande prêmio como se fosse um cavalo. Cada pessoa tem limitações distintas. Eu, por exemplo, não tenho talento artístico algum.
• Peru não morre de véspera.
Por mais que você tente abrir os olhos de alguém, se essa pessoa não estiver pronta para receber a sua mensagem, não adianta trabalhar com ela.
• Gratidão não é de graça.
A maior parte dos que precisam ser ajudados não precisam a toa. Tem algumas dificuldades que precisam ser trabalhadas, o reconhecimento é uma delas. É muito constante ver peças que você trabalhou se encaixarem e se “esquecerem” de onde vieram.

Diante de tudo que observei, selecionarei com muito mais afinco pessoas a quem ajudarei quando reabrir essa modalidade na minha vida, o que pode levar algum tempo.

Que as pessoas bacanas e merecedoras me desculpem, mas a temporada de ajuda está encerrada por tempo indeterminado. Transbordou.

Até mais!

[copiado do Pergunte Ao Urso, por caber tão bem na minha vida]