quinta-feira, 30 de julho de 2009

terça-feira, 28 de julho de 2009

E Agora José? [adaptado]



A esperança acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou. E agora Luca?


E agora você?


Você que é sem nome, que ri com os outros, você que faz prosa, que ama e protesta.


E agora Luca?


Está sem ninguém, está sem discurso, está sem carinho. Já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode.


A noite choveu, o calor não veio, o avião não veio, o colo não veio. Não veio a utopia e tudo acabou. E tudo fugiu. E tudo mofou.


E agora Luca?


Sua doce palavra, seu instante de fúria, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua casa de sapé, sua bota de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora?


Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta. Quer morrer na lagoa, mas a lagoa secou. Que ir para o sul, mas é longe demais.


Luca, e agora?


Se você gritasse, se você gemesse, se você se contorcesse, se você chorasse, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse.


Mas você não morre.


Você não é dura, Luca!


Sozinha no escuro qual criança de castigo, sem ufania, sem braços quentes pra te acolher, sem príncipe num cavalo branco que fuja a galope.


Você marcha, Luca!


Mas... pra onde?

#VDM

'Um dia de cão
Um mês de cães danados
Ordem no caos
Olhos nublados
Um cão anda em círculos atrás do próprio rabo

Um dia de cão
Um mês de cães danados
Ordem no caos
Olhos cansados
Não há nada de novo no ovo da serpente'

[Descendo a Serra - EngHaw]

domingo, 26 de julho de 2009

Ana e o mar? Mariana!



Mariana abriu os olhos. Mais um dia.

O celular se tremendo ao lado do travesseiro no horário de todos os dias, tocando aquela música que um dia fora trilha sonora da vida dela. Dela e de quem mesmo? Ah, claro. De mais um amor-da-vida-e-viveram-felizes-para-sempre. Contos de fada nem sempre tem final feliz.

Levantou-se da cama, tirou a calcinha de dentro da bunda, coçou o ombro e dirigiu-se à sala. Colocou uma música, acendeu um cigarro e olhou-se no espelho do corredor.

Todos os casais são iguais. Se amam e se perdem. Se dedicam e se esquecem. Se cobram e se traem. Enquanto um lado descobre os prazeres além-casamento, o outro recusa-se a enxergar a verdade. É uma queda de braço em que o perdedor sai amputado.

De frente para o espelho, de regata preta e calcinha rosa, unhas vermelhas e cabelos loiros. Cantava, tragava e dançava pela sala.

Mariana sentia-se livre. Não haveria mais desconfiança, não haveria mais ciúme, não haveria mais insegurança. Um basta para a intolerância e o egoísmo. Chega de perguntas sem respostas! Finalmente agira para dar um fim à tudo aquilo que a prendia, mesmo que um dia ela tenha acreditado que só assim estaria liberta.

Voltou para a porta do quarto e encostou-se no batente. Ainda segurava a bituca do cigarro, o filtro quase em brasa. Olhou para sua cama. Ele estava lá, os olhos vidrados nela. Mariana não resistiu e deu um sorriso de canto de boca.

Ele era tudo o que ela sempre sonhou. Bonito, carinhoso, sincero, viril e disposto.

Mariana curvou-se e deu um beijo demorado naquela boca fria. Seria o último beijo daquele casal.

Carinhosamente recolheu os travesseiros e lençóis tingidos de vermelho. Delicadamente pousou seus dedos sobre os olhos dele, a fim de fechá-los.

Pegou a faca ensanguentada no chão e suspirou. Sentiria falta dele.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sobre a saudade





“Longe, longe, longe, aqui do lado

Paradoxo

Nada nos separa

(...)

A distância não separa”




Saudade.



Palavra única, que só é encontrada nos alfarrábios da língua portuguesa. Não é uma coisa que só brasileiros e portugueses sentem, é um sentimento que cresce no interior dos povos desses dois países com muito mais calor e arrebatamento.



Sentimos mais forte os efeitos da saudade. Para nós ela é linda, doce e amarga, eloquente e singela. É um sentimento que invade nosso ser, instala-se em nosso inconsciente como uma coisa boa de sentir.



É isso que estou sentindo agora que estou distante de você.



Não aprecio sua ausência nem tampouco a distância que está nos separando, mas sei que em breve estaremos novamente juntos. Enquanto isso, vou gozando o privilégio de sentir saudade.



Sinto a saudade como um suave abraço a me aquecer nestas tardes frias de inverno. Abraço que aquece nosso amor.



Sua presença física é muito importante, sinto muito a sua falta e sei que o seu carinho é tudo para mim. Com você distante, a falta de contato me maltrata e me faz sentir, não tristeza, mas uma alegria triste.



Nosso amor não aceita muito o tempo e a distância, ele necessita de contato íntimo. O que me consola é que em breve vamos brindar esta saudade boa, com um beijo apaixonado, que vai deixar de ser uma coisa virtual, para ser de verdade, real.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sobre o tempo



Estamos longe... longe. Muito longe.

Tantas dúvidas, tanta coisa. Odeio TPM, faz com que coisas comuns, banais, que se perdem no dia a dia aflorem com toda a força.

É possível um rapazote saber o que é amor? E fazer juras?
É possível um rapazote encarar uma relação com uma mulher mais velha... e essa relação perdurar?

Dúvidas, medos, receios, anseios.

A contagem que antes era de um mês - e que passou voando - agora se transformou em cinco ou seis meses. Que se arrastam. Alguns meses para a definição. Para a junção. Para sermos um só, de vez, e sempre. Queria dormir e acordar só em janeiro. Pra contar dias ao invés de meses.

Amo. E quero. Sempre e pra sempre. Só enquanto eu respirar.

Essa é a única certeza.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Ubiquidade



Dois dias pensando no que escrever aqui. Em escrever pra ele. Sobra inspiração e suor, mas me faltam as palavras.

Como escrever uma coisa alegre e despudorada quando meus pensamentos se voltam apenas à ausência dele?

Ainda o enxergo dormindo na nossa cama enquanto eu cozinho. Sinto sua mão na minha perna enquanto dirijo, seu braço me aquecendo nas noites frias, sua voz sussurrando que me ama ao acordar.

Penso nas lembranças e nas promessas. Penso na ausência e na distância.

Me pego lembrando da comida na boca, na massagem nos pés, do colo no sofá... no sorriso insuportavelmente lindo, nos olhos brilhantes, no toque macio, no abraço firme.

Justo eu, que não me apaixono, que não me envolvo, estou pensando em vida a dois. Pensando no que seria. No que será. Na mania ridícula que todos temos de transformar as coisas mais simples em dilemas cruciais, pequenas coisas em obstáculos intransponíveis.

E ele se foi. Não soltou da minha mão, mas a cada instante sinto que a dele escorrega pela minha.

Penso o tempo todo... e não quero mais pensar.

Não quero mais sentir.

Não quero mais.

Não quero.

Não.




Eu não sei amar.



'Pode ser a lágrima de uma borboleta
Pode ser a borboleta

(...)

Muito longe daqui alguém está cantando
Em silêncio e só, é quase uma oração'


** Porque metade de mim é amor... e a outra metade é saudade. E saudade dói. **

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sobre nós dois e o resto do mundo

Eu até sonhei com isso. As coisas mais loucas com ele eu arrisco...

Ok.

Vira a página, respira fundo e começa a escrever o novo capítulo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Nem todas as histórias de amor são iguais



Tentei, mais uma vez, dormir no meio da noite. Foi então que me dei conta de que o que me faz sonhar também não me deixa descansar. Tenho passado todas as noites em claro imaginando o que será de nós. Daqui não tem mais volta, pra frente é sem saber. Acabo me cobrindo de medo, assustada com todas as oportunidades que a vida me joga na cara. Me sinto num jogo dos deuses, onde eles jogam pôquer e bebem num bar. Eles dão as cartas.

Os deuses dão as costas.

Meu desejo não é impossível. Desejo o real: desejo você e este teu sorriso insuportavelmente lindo. Não quero um conto de fadas. Quero você e todos os seus defeitos. Quero todo o teu corpo e tua alma. Quero me entregar. Quero te amar todo dia e cada vez mais. Quero me viciar ainda mais em você. Quero passar as tardes fazendo ou não fazendo nada, porque com você tudo - ou nada - é bom de qualquer jeito. Quero abrir meus olhos e perceber que não é sonho. Quero a realidade.

E enquanto você não vem, eu continuo aqui. Acordada.

Fico acordada e me assombro cada vez que percebo que você me devolve meus sonhos. Sonhos que eu sonhava e nem sabia.

A mais linda história de amor é a dessa sementinha que plantaram aqui dentro. A cada dia nasce um broto novo e eu não vejo a hora de colher os frutos.

Por enquanto eu provo a doçura que vem dele.

sábado, 4 de julho de 2009

Diagnóstico.

6 meses.

Esclerose múltipla causada por polirradiculite crônica.

Pulsoterapia.

A lucidez está esvaindo. E a certeza de que o fim está chegando.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pra nós, todo o amor do mundo

Depois de toda tempestade vem a bonança. Assim espero!

No final das contas, é só mais uma tempestade. Logo passa. As coisas se acertam, dão uma volta... e voltam cada uma pro seu lugar. Às vezes tudo muda - e continua tudo no mesmo lugar.

Já não me interessa mais a tempestade nem a escuridão. Ele me abraça e me protege. O tempo todo.

Confissões dias e noites afora. Uma intimidade tão grande criada em tão pouco tempo. As palavras que não devem ser ditas - e mesmo assim, escapam pela boca, transbordando com o sentimento.

Eu quero. Mais do que nunca. Mais do que sempre. Mais do que eu já quis qualquer um.

A tempestade? Tá lá fora, uma tormenta com raios, trovões e granizo.

Mas não faz mal. Ele está comigo.