terça-feira, 28 de julho de 2009

E Agora José? [adaptado]



A esperança acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou. E agora Luca?


E agora você?


Você que é sem nome, que ri com os outros, você que faz prosa, que ama e protesta.


E agora Luca?


Está sem ninguém, está sem discurso, está sem carinho. Já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode.


A noite choveu, o calor não veio, o avião não veio, o colo não veio. Não veio a utopia e tudo acabou. E tudo fugiu. E tudo mofou.


E agora Luca?


Sua doce palavra, seu instante de fúria, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua casa de sapé, sua bota de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora?


Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta. Quer morrer na lagoa, mas a lagoa secou. Que ir para o sul, mas é longe demais.


Luca, e agora?


Se você gritasse, se você gemesse, se você se contorcesse, se você chorasse, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse.


Mas você não morre.


Você não é dura, Luca!


Sozinha no escuro qual criança de castigo, sem ufania, sem braços quentes pra te acolher, sem príncipe num cavalo branco que fuja a galope.


Você marcha, Luca!


Mas... pra onde?

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