terça-feira, 19 de maio de 2015

Feeling my bittersweetness

Eu o conheci há pouco mais de três anos, numa mesa de RPG.



Eu o conheci e me reconheci nele, e assim seguimos, nos vendo de vez em quando jogando RPG, comendo tranqueiras, bebendo bobagens, conversando amenidades, fumando cigarros mentolados.

Eu cheguei a nos imaginar juntos algumas vezes, mas preferi pensar que isso se dava pelas situações em que eu me encontrava envolvida. Notei que poderia ser algo um pouco mais grave quando nos encontramos num restaurante japonês - ele e a esposa vieram até a minha mesa para nos cumprimentar. Nos cumprimentar; eu, minha filha e meu marido. E uma pontada de ciúme me espetou.

O tempo passou, continuamos nos vendo esporadicamente e sem qualquer relação que não fosse esse vínculo de termos amigos em comum. O tempo passou, e eu me separei. O tempo passou, e ele continuava casado. Então, na festa de debutante da minha filha, ele me contou que havia se separado.

Hoje, estamos juntos. Nos entendemos, nos apoiamos, nos completamos e, recentemente, nos declaramos. Estamos juntos, e isso nos basta. Sem a necessidade de um rótulo, de uma posição, de nada. Nós somos apenas nós, eu dele e ele meu.

Nosso amigo Orc disse que combinamos desde sempre. Que já estávamos juntos e não sabíamos.

E hoje, como que pra confirmar que estamos vivendo da forma mais bonita e deliciosa dos meus últimos anos, ele me escreveu doces palavras de um futuro bom:

"Dentro de mim tudo era ordem, uma máquina bem lubrificada de resolver problemas e consertar coisas, então ela apareceu: caos, trovões, tempestades de sorrisos e beijos tirando o prumo da máquina.

O pânico, o peito arfando, o ponto preto embaixo do lábio, a pinta.

Dentro do meu escuro, a luz que emana e espanta a solidão, me aquece e me faz querer merecer estar perto.

A boca, o beijo, o gosto, o toque, o cheiro. O sorriso de menina, o brilho no olho, o olhar de mulher.

Me beija, me olha, me muda, me vira, me dobra. Entra na minha cabeça e desfaz a máquina, me dá teu caos.

Me deixa em pânico quando não sorri. Me faz chorar enquanto canta, me encanta sendo mãe, mulher, amiga. Vê-la chorar dói, arde, aperta, quase mata.

Precisei remontar a máquina para provar por A+B que ela tinha que destrui-la.

Arlequina, jogando confete num Pierrô da quarta-feira de cinzas. Cometa que nunca chega e vai embora. Ser humano, mãe, amiga, guerreira, mulher e menina.

Miúda Gisele passarinha.

Entra no meu peito, rasga minha carne, me faz menino, bobo, risonho, feliz. Me guia, me ensina, me mostra o caminho pro seu coração.

Me gosta, me cheira, me vive.

Me beija."

E é assim, sem borboletas no estômago que nos percebemos como o porto seguro um do outro.