sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Em paz



Às vezes chego a me considerar uma idiota. Eu perdoo fácil, eu tenho esperanças, eu sou uma romântica incorrigível. Acredito em contos de fadas, em "felizes para sempre" e em "se não está bem é porque não acabou". "O que há de ser, será" sempre me foi muito crível.

Daí que eu resolvi adotar outra frase. "Live and let live".

Daí que eu tô livando. Livando e me livrando de amarras e velhos hábitos. Já? Sim, quando temos uma mudança radical nas nossas vidas, é muito mais fácil nos livrar do que é velho e nos acompanha há muito tempo.

A esperança? Tá ali, no canto dela. Deixa quietinha; quanto menos eu mexer com ela, menores as chances da fera me atacar.

E ao invés de "o que tiver de ser, será"; deixo um "que venha em paz o que o futuro trouxer".

domingo, 18 de dezembro de 2011

Deixa o sol bater na cara



E foi assim. Não foi indolor, mas foi rápido. Acho que fiquei craque com o tempo. Aproveitei pra chegar ao fundo do poço e me escarafunchar no lodo.

Pensei em dizer tantas coisas, sobre o passado, sobre o presente, sobre o futuro. Pensei, pensei e, pela primeira vez na vida, não agi.

E foi procurando algo que nem lembro mais o quê que eu percebi: tanto faz. Passou. Acabou. Desapareceu.

Já posso dizer que sou feliz de novo!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Who would have known how bitter-sweet this would taste?


 "Amor eterno é terminar várias vezes a relação para descobrir onde fica o fim e enganar o tempo."

Tinha que ser assim. Senão não teria um fim, jamais.

Pra um amor ter chance de acabar, de verdade, tem que doer. Tem que chegar no fundo do poço, deixar a sanidade de lado, esquecer o limite do razoável. Tem que ter grito, lágrima, força e raiva. Tem que machucar e fazer lamber a ferida aberta pra que ela não feche tão cedo. Pra fazer ter vergonha, perder auto-estima, perder dignidade.

Se não é assim fica sempre uma rachadura na represa do amor. E é por essa rachadura que o amor força e inunda tudo de novo.

Se dói, machuca, ofende, faz com que as rachaduras sejam cobertas com o concreto do rancor. Não deixa o amor inundar mais.

Tem que arrancar o coração do peito, dilacerar a alma. Tem que ouvir mil vezes a música que lembra os bons momentos pra chorar bastante e queimar o sentimento no fogo da decepção. Tem que crucificar a esperança e exorcizar a saudade. Tem que esperar pra esquecer o cheiro, o gosto, a cor dos olhos e a covinha no canto da boca.

Tem que ver os sonhos em frangalhos pelo chão, tem que recomeçar do zero. Tem que confundir coragem com precipitação.

Tem que ficar de luto, se aninhar no colo dos amigos, beijar bocas e provar sexos pra confundir os sentidos. Tem que relembrar cada promessa não cumprida, cada compromisso não respeitado, cada carinho não correspondido.

Tem que ter um ás fora do baralho e não ter um curinga pra colocar de volta.

Tem que ser assim, senão não tem um fim, nunca.

Faz da lágrima sangue que nos deixa de pé!


Vigília
[O Teatro Mágico]

Milagre, milagre!

O milagre que eu esperei nunca me aconteceu. Mas não há de ser nada, pois eu sei que a madrugada acaba quando a lua se põe.

Os meus sonhos estão todos na UTI.

Esperanças já não há, os milagres estão todos em coma.

E eu? Eu sigo só, só me resta esperar. Faço vigílias todas as noites, do quintal da minha casa. Eu dou conta de todas as estrelas.

Certa vez eu dei falta de uma delas. Cadê a porra da estrela que estava ali? Ah, era uma estrela cadente. Ela é cadente... a estrela.

Eu tive cinco, eu tive cinco segundos para fazer a minha prece e fiz, e fiz, e fiz.
Enquanto estava de olhos fechados, eu imaginava os meus sonhos acordando. Eu imaginava a esperança batendo na porta da minha casa.

Enquanto eu estava de olhos fechados, a estrela caía. Perdeu a sua luz no fundo do mar.

E eu? Eu sigo, só. Só me resta esperar.

Eu faço vigílias todos os dias, do telhado da minha casa. Eu dou conta de todas as ondas, eu torço para que uma delas saia do lugar para que eu possa ver um brilho de luz no fundo do mar. Brilho de luz no fundo do mar.

Estrela a brilhar, sonhos a sorrir, milagres acontecendo.

Esperança de pé.

Mas não, mas não há de ser nada... Pois sei que a madrugada acaba quando a lua se põe.

A estrela que escolhi não cumpriu com meu pedido pois caiu no mar e se apagou. Se souber nadar... faz o favor...

O milagre que eu esperei nunca me aconteceu.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O dia em que parei de ajudar os outros

É engraçado como muitas coisas fazem sentido e deixam de fazer de uma hora para outra. Bobagem! Acabei de perceber, ao escrever, que nada muda assim tão rápido, na verdade o que acontece como de imediato é a tal gota d’água.

Todo mundo tem um limite. Eu tenho um que parece eterno, ao contrário do que dizem. É engraçado como a percepção de quem está ao nosso redor é diferente da nossa. O que não quer dizer que uma ou outra está equivocada, talvez as duas estejam certas, os referenciais é que mudam.

Para quem passa do limite com alguém, o outro tem sempre pavio curto e se irrita desnecessariamente, já para quem ficou puto, tudo levou anos, mesmo que aconteceram em horas, até o copo transbordar.

O que escreverei agora não é uma verdade absoluta, é na verdade um desabafo ou um “mimimi” na gíria da galera super-hiper-mega-descolada da web, mas que mora no fundo da casa da mãe.

Provavelmente meu instinto ou minha essência acabarão por me fazer mudar de ideia em um futuro próximo. Ok, talvez nem tão próximo assim…

A verdade que tenho hoje é que me cansei dos seres humanos.

Durante muitos anos insisti ao tentar mostrar uma certa fé nas pessoas. Cansei. A questão que passei a perceber é que poucos valem a pena, a grande maioria não passa de mais do mesmo, gente espreitando uma oportunidade para olhar somente o seu de forma diferenciada.

Sei que minha visão parece pessimista, na realidade, acredito até que seja, muito dela motivada pelo rancor que possuo daqueles que não sabem aproveitar as chances que a vida dá.

É isso mesmo que você leu, fico muito mais consternado ao ver que todo mundo tem oportunidades, mas poucos entendem como aproveitá-las. É frustrante ver as pessoas se confundindo diante de portas escancaradas para apenas furtar-se a espiar pelo buraco da fechadura.

Em algumas ocasiões fiz parte dos que tomavam as portas abertas como coisa normal do destino. A quem estou enganando? O “em algumas ocasiões” é um eufemismo, foram ocasiões demais para serem ridiculamente chamadas de “algumas”.

Das boas oportunidades que tive, parte delas desperdicei por ser inexperiente. Isso poderia ser facilmente resolvido se eu tivesse a quem recorrer. Coisa que não tive, pois o destino não me deu meu pai por muitos anos, mas isso é outra história. As minhas outras influências também não eram das melhores.

Foram anos batendo a cabeça em batentes ao invés de simplesmente aceitar os fatos, simplificar a vida e passar por entre eles.

Claro que nem toda oportunidade vale a pena, muitas são barcas furadas e é difícil saber realmente por qual caminho seguir ou não seguir. Parte das escolhas é baseada em experiência, parte baseada em pressentimento.

Hoje já desperdiço muito menos oportunidades boas do que antigamente, as cicatrizes de escolhas ruins mostram que nem sempre o caminho mais bacana é o mais indicado. Aliás, raramente o mais bacana é!

Pode ser uma coisa só minha, mas vi que não nasci para ter vida fácil. Não tenho perfil para se encostar em alguém e comer as sobras assim como os chacais fazem com os leões.

Já optei pelo caminho mais fácil para ver no que daria. Perda de tempo. Só isso. Para não dizer que não ganhei nada, ganhei experiência, que é o nome que se dá para quando pegamos a rota errada.

Vi que no meu caminho só haveria uma solução, o trabalho árduo. Seria obrigado a ralar para ter o que queria, não por princípio, afinal, se tivesse tido sucesso na vida mole não optaria por suar, mas a vida é assim, uma professora implacável. Primeiro te reprova para depois te dar a lição.

Demorei ao encontrar meu caminho, nem sei se o que estou é o definitivo, mas pelo menos adotei o rumo como o que desejo, pode ser que ainda aconteçam alterações.

Enquanto apanhava e batia também fui percebendo como era difícil fazer tudo sozinho e que, se um dia eu tivesse êxito, daria oportunidades e orientações que me faltaram aqueles que precisassem. Repare, “aqueles que precisassem” é muito diferente de “aqueles que pedissem”.

Raramente o sujeito que está formando o galo na cabeça entende que está errando e precisa de uma mão. Por isso, se eu tivesse proximidade suficiente com alguém, daria uma mão, mesmo que sem a pessoa pedir.

Para o sapo vive no fundo do poço, o mundo é do tamanho da boca dele.

Na teoria, o que planejei estava perfeito. Infelizmente a prática me mostrou outras coisas:

• Limitações instransponíveis
Não dá para fazer um jumento correr um grande prêmio como se fosse um cavalo. Cada pessoa tem limitações distintas. Eu, por exemplo, não tenho talento artístico algum.
• Peru não morre de véspera.
Por mais que você tente abrir os olhos de alguém, se essa pessoa não estiver pronta para receber a sua mensagem, não adianta trabalhar com ela.
• Gratidão não é de graça.
A maior parte dos que precisam ser ajudados não precisam a toa. Tem algumas dificuldades que precisam ser trabalhadas, o reconhecimento é uma delas. É muito constante ver peças que você trabalhou se encaixarem e se “esquecerem” de onde vieram.

Diante de tudo que observei, selecionarei com muito mais afinco pessoas a quem ajudarei quando reabrir essa modalidade na minha vida, o que pode levar algum tempo.

Que as pessoas bacanas e merecedoras me desculpem, mas a temporada de ajuda está encerrada por tempo indeterminado. Transbordou.

Até mais!

[copiado do Pergunte Ao Urso, por caber tão bem na minha vida]

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Amor incondicional


É quando sua filha diz "Eu não concordo, eu não acho certo. Mas se é o que te vai fazer feliz, tá bom. Eu quero voltar a te ver feliz."

sábado, 1 de outubro de 2011

30 Cartas, 30 Dias #15

Dia 15 - A pessoa que você mais sente saudade


Por mais que eu queira me enganar, você vai ser - sempre - a saudade mais bonita que eu poderei sentir. Nunca faltou amor, nem nunca vai faltar.

Nosso amor era desafio. Eu dizia uma coisa, você entendia outra, retrucava e eu também distorcia. Sempre fomos a personificação da palavra "complicado". Lá no fundo, pouca gente entende nosso jeito de nos amarmos, os detalhes, as linhas, as entrelinhas, esse eterno álbum de recordações - que eu não canso de revisitar.

Me falta teu abraço, tua palavra de consolo, teu jeito austero de resolver as coisas e cuidar de mim como ninguém nunca jamais cuidou. Esse jeito que eu preciso agora, mais do que nunca, mas tenho que me conformar, levantar a cabeça e seguir adiante - como você sempre fez.

Não pude te dizer um adeus decente. Nossas últimas palavras foram "te ligo amanhã". Menti nos nossos últimos meses de convivência, não porque não confiasse em você - mas porque não queria te preocupar. E até que foi melhor assim. Você foi embora com a certeza de que eu seria feliz para sempre.

Agora estou voltando pra casa e não poderei mais ouvir sua voz nem aproveitar seu colo. Não poderei mais deitar ao seu lado na cama e sentir o seu cheiro - seu cheiro único. Mas poderei te visitar sempre que der aquele já tão conhecido aperto no peito, uma vez que você não sairá de onde está.

E te visitarei. Todos os dias que forem possíveis. Porque, mesmo que de uma forma diferente, ainda é você quem sempre traz conforto pro meu coração. Estou voltando pra casa - um ano depois de você ter partido dela.

Então vem. Vem e me beija. Só pra eu saber que tudo vai ficar bem



"Scott estava deitado junto dela e só tentava consolá-la e, ao fazê-lo, a beijou na boca para acalmá-la, dizendo que tudo ia ficar bem", contou o pai do jovem. [fonte]

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

30 Cartas, 30 Dias #14

Dia 14 - Alguém que você se afastou


Às vezes tenho saudade de você. Você é o que me resta de vontade de ter alguém.

"É como se por um segundo eu experimentasse.

Há algum problema comigo? E se fosse sempre assim? Até que ele lê umas coisas, escuta outras, assiste outras. Não é um completo imbecil. Ser presa de vez em quando. Sair sem fazer barulho do banheiro. Enfim, ter a delicadeza do limite de outra pessoa na minha casa. E se fosse sempre assim? Poder levar alguém no almoço do domingo. Ter alguém pra ligar quando chove e a cidade para.
Meu corpo dói demais. Minha cabeça não para. Sempre lista de tudo, para eu poder saber, nos mínimos detalhes, todas as coisas chatas que não vou fazer. Junto tudo, boto números, pra saber do que abro mão e chuto longe e deixo voar. As coisas mas eu fico. E daí já estou presa a outras coisas todas que preciso organizar pra não fazer. Eu organizo minha impossibilidade o tempo todo. Pra saber que deixei de e não fui deixada de. De de quê? Pra ter controle do que não consigo. Eu listo minha preguiça. Eu sei de cor a chatice de tudo que tô desdenhando. E sofro porque sou a certinha da anarquia. Sempre com o cansaço de defender o lugar do meio, com tanta porrada vindo dos dois lados. O morno de ser. O quase de tentar. A corda bamba de se manter. Nem lá nem lá. Cá mesmo. O fato é que agora que perdeu a graça sofrer pra fazer graça, sobrou só essa verdade que nem merece destaque, que nem me assusta mais, de que eu sofro mesmo. Eu sofro muito mais do que consigo sofrer. Então, será, alguém pra valer a pena colocar flores em cima da mesa?

Se eu soubesse quem é você. Se eu visse mesmo. Se você me trouxesse o veneno do mundo. Se você me dissesse coisas malucas que estão antes de tudo isso que você diz, querendo tanto estar depois. Se você pudesse calar a boca. Se ao invés dessas besteiras decoradas que você fala sem parar, pra me mostrar que lê e vê e escuta, você ficasse quieto um pouco, me invadindo do mistério desgraçado de outra pessoa no mundo.

(...)E é isso que me entristece. Você é uma piscina de plástico pra criança. Pra eu retomar meu contato com a água depois do trauma com a cachoeira de milhões de metros e velocidades. E eu molho os pés e posso. Você é uma via acolchoada, para eu voltar a dar os passos, depois do acidente que me deixou sem músculo desejoso.

(...) As pessoas rompidas pelos amores que não puderam suportar, se juntam e seguem. Anos. Casamentos. Mãos fechadas, quentinhas. Isso não é pra mim, ainda que o oposto também não seja. Daqui a pouco, eu sozinha, cacos de vidro. Nem cachoeira e nem piscina. Eu seca. Porque só sei viver esperando ser molhada e não molhada. Molhada me resfrio, gripo, tenho medo de acabar. Seca é a espera e é como posso.


Esse tempo com você, preciso que você saiba: uma saudade imensa de quando eu lambia o diabo. O que secou minhas plantas, minhas larguras, meus líquidos. O amor bom deixa sempre a melancolia de não estar mais morrendo. A saudade do abismo insuportável de se sentir viva. A certeza de que uma hora se volta pro amor ruim, sabendo, de algum lugar que não se pode jamais interferir, que ruim não é exatamente a palavra. A palavra que não se sabe e daí chamamos de ruim."

**Extratos de Tati Bernardi**

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

30 Cartas, 30 Dias #13

Dia 13 - Alguém que você gostaria que te perdoasse



Pedir e aceitar perdão é muito fácil. Quando é com os outros.

Perdoar a nós mesmos é bem mais difícil.

Eu quero me perdoar. Me perdoar por não ser hoje quem eu sempre quis ser com a minha idade. Me perdoar por não atender às expectativas dos outros, por me colocar em tantas situações embaraçosas ou desprovidas de compaixão.

Hoje eu quero me perdoar. Porque, acima de tudo, tudo o que fiz sempre foi em virtude de algo maior. Algo que nem você, nem o Pedro, nem o Fernando, nem o Marco, a Vera ou a Ana poderiam entender. Sempre foi em prol de mim e da minha felicidade.

Muitas vezes por caminhos tortuosos, de maneiras ininteligíveis ou seja lá o que for. Mas sempre [sempre!] foi acreditando que aquilo seria o melhor para mim e para as pessoas que amo.

Hoje me encontro numa posição em que nunca me imaginei. Morando onde sempre quis e louca de vontade de voltar pra casa. Se eu pudesse voltar no tempo... eu não mudaria nada.

Enxerga, mulher! Veja que você só é o que é por tudo o que viveu. Pelos sonhos destroçados, pelos corações partidos, pelos ideais destruídos. Mas também pelo que frutificou, pelo que ensinou, pelo que aprendeu, pelo sentimento de compaixão e amor pelos outros.

As expectativas sobre o que sou são reflexos de quem teve seus próprios sonhos dizimados - e vê a sombra do que eles foram refletida em mim. Mas não. Eu tenho meus próprios sonhos, meus próprios objetivos. Que continuam em constante mudança porque, eu mesma, sou uma metamorfose ambulante [parafraseando Raul].

Não errei, não menti, não prejudiquei. Sempre fui muito clara com todos a respeitos dos meus anseios e das minhas crenças. Nunca desfiz da minha personalidade nem tampouco escondi meus desejos. Eles são o que me fazem levantar todos os dias e pensar que é apenas mais um passo em busca do que me faz feliz.

Tenho que aprender a me perdoar, em definitivo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

30 Cartas, 30 Dias #12

*Nem vou me dar ao trabalho de escrever muitas linhas nesta.

Dia 12 - A pessoa que você mais detesta ou que tenha lhe causado muita dor




Já gostei de você.

Num passado remoto, que eu nem faço questão de lembrar, me parecia que poderíamos ser unidos, e que perder uma tarde juntos comendo mexerica enquanto nos esquentássemos ao sol seria uma rotina.

Ledo engano.

Não demorei a perceber suas artimanhas, seu neologismo barato e sua necessidade de sempre se dar bem, não importando os meios. Passei um bom tempo tentando remediar a situação, já que nossa convivência era inevitável, mas sua personalidade me inquietava.

Não gosto de pessoas mal educadas, negligentes e manipuladoras. E é exatamente isso o que você é.

Já te disse o que penso e hoje não preciso mais lidar com você, o que já me tranquiliza.

Eu ganhei minha liberdade. E você e seus iguais, não me importa o que ganham ou perdem.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

30 Cartas, 30 Dias #11

Dia 11 - Um falecido com quem gostava de conversar

Que bom seria se Deus, por um segundo de descuido, tivesse te feito eterna.


Nem precisava ser uma pessoa falecida com quem eu gostava de conversar. A pessoa mais importante da minha vida já não se encontra por aqui. E é a carta que eu estava mais ansiosa pra escrever, porque eu sei o quanto ela me dói. Por isso precisei de um tempo sozinha, pra poder chorar mais um pouco a falta que ela me faz.

É engraçado pensar que minha mãe faleceu há pouco mais de três meses. Falecida, morta... palavras tão pesadas que não traduzem nem de longe a dor que é perder a mãe. Então prefiro escrever não diretamente pra ela, mas sobre ela.

A lembrança mais antiga que tenho da minha mãe é de quando eu ainda era filha única e ela estava grávida do meu irmão. Lembro que ela trabalhava numa empresa chamada Alladin - aquela das garrafas térmicas - e todos os dias me trazia um par de meias com um mini vasinho e uma flor de plástico dentro. Provavelmente não era todos os dias, mas eu me lembro de esperar ela chegar em casa, em pé em cima do sofá, olhando pra fora enquanto ela colocava o carro na garagem.

Minha mãe sempre foi uma mulher "prafrentex", como ela dizia. Nunca ficou sem trabalhar. Lutava por tudo o que ela acreditava. Defendia os filhos e o marido com unhas e dentes, como uma bela leoa. Conversava sobre tudo com todos.

Minha mãe foi loira, morena, ruiva. Foi magrela, gostosa, gordinha e gorda. Mas sempre foi linda. Meu Deus, como ela era bonita! Nunca saía de casa sem maquiagem, nunca saía de casa de chinelos - e tinha verdadeio horror às sandálias Havaianas. Ela também participou de tudo quanto é tipo de religião - e me levava junto, porque eu tinha que me apegar à alguma coisa. Foi católica, umbandista, evangélica, espírita, frequentou quartos de cartomantes e astrólogas. Mas a crença dela era uma coisa fora do comum, a fé que ela tinha era uma coisa que dava forças pra todo mundo em casa.

Minha mãe sempre apoiou a mim e ao meu irmão em tudo. Mas nunca se esquecia de nos dar represálias quando estávamos errados. Olha, eu apanhei muito da minha mãe. Quase posso sentir cada tapa, cada chinelada, cada cintada que eu tomei. Mas eu topava passar por isso tudo de novo por mais trinta anos só pra poder passar mais uma hora com ela.

Lembro da alegria da minha mãe a cada vestibular que eu passei. Um dos orgulhos dela era a minha inteligência. Ela se gabava de ter uma filha capaz de passar em qualquer exame de faculdade sem fazer cursinho.

Minha mãe ficou feliz quando me viu com meu primeiro namorado. Ela detestava ele, mas adorava os seus pais. E tínhamos uma relação família X família das mais gratificantes. Minha mãe era aluna da mãe dele, então elas se viam todos os dias e acabaram se tornando confidentes. Impossível um namoro comum, cheio de safadices, num retrato desses. E esse era o grande alívio das duas famílias, ninguém temia que a menina de 14 anos dormisse no mesmo quarto que o menino de 16, já que os dois pais e as duas mães ficavam de olho e trocavam informações entre si.

Quando minha mãe tinha 37 anos, ela e meu pai se separaram. Dezoito anos de casamento. Na madrugada em que tudo aconteceu, um pouco antes de meu pai ir embora, estávamos apenas eu e minha mãe acordadas. Ela chorava e me pedia colo. Mesmo assim, eu fui embora com meu pai. Ela "perdia", de uma tacada só, o marido e a filha mais velha. Foi a partir dali que ela e meu irmão viraram os melhores amigos um do outro.

Durante muito tempo eu invejei a relação do meu irmão com ela. Não entendia porque eles eram tão ligados, e me sentia deixada de lado. O que me faltou entender é que eu praticamente excluí minha mãe da minha vida durante a minha adolescência.

Aí eu engravidei. E corri pra casa e pro colo dela. Ela ficou estarrecida, afinal, eu era a menina-prodígio, isso não poderia acontecer. E ela se tornou a melhor avó do mundo. Acho que nem eu sou capaz de amar tanto a minha filha como minha mãe foi. Ela tinha um coração tão grande, que cabiam os filhos, os irmãos, a neta, os amigos e até os genros e noras que ela conheceu.

A última vez que vi minha mãe viva, ela estava se recuperando de uma doença terrível. Foi quando eu deixei São Paulo pra me aventurar aqui no Rio Grande do Sul. Na última vez que nos vimos, ela me abraçou tão forte, chorou tanto... e me desejou toda a felicidade do mundo. Ela não pôde nem ir ao aeroporto, e isso me fez uma falta terrível.

A última vez em que nos falamos, foi numa sexta à noite, em que eu telefonei pra pedir desculpas por não ter ligado naquela semana, e disse que ligaria pra ela no domingo de manhã. Telefonei, conforme o combinado, mas ela já estava internada. Depois disso foram duas ou três semanas de angústia, sem saber o que virtia pela frente. Chorei copiosamente durante a virada do ano novo, porque era a data que ela mais prezava. Sempre fez questão de passarmos o Reveillon com ela. E ela faleceu no segundo dia do ano. Qualquer Ano Novo agora carrega um pesar, uma saudade, um arrependimento. Me arrependo amargamente por estar longe quando ela partiu.

Apesar da família pequena, bastante gente foi ao enterro dela. Ela era muito querida. Sempre foi considerada briguenta, estourada... mas ela apenas não conseguia lidar com coisas erradas. E me deixou esse traço, também não tolero esse tipo de coisa. Mas ao mesmo tempo, ela era uma pessoa alegre, risonha, que fazia graça de tudo - até da própria condição. Nunca perdeu o bom humor e a esperança.

Agora eu me sinto só. Completamente desamparada. Minha vida deu uma reviravolta, e era nessa hora que minha mãe entrava em cena, me pegava pela mão e me levava pra casa dela, preparava um bolo quente de chocolate com leite gelado e opinava sobre a minha vida - sem me deixar retrucar. O jeito dela me fazer ficar quieta era me encher de comida. Ela já teria mandado meu irmão vir me buscar, passaria uma lição de moral nas pessoas que fizeram a filhinha dela sofrer, e me faria jurar nunca mais fazer a mesma coisa. Agora não tem bolo, não tem leite, não tem colo.

Não tenho mais pra quem telefonar pra pedir receitas, pra dividir minhas vitórias e minhas incertezas. Não tenho mais aquela mulher intrometida que cuidava da minha vida. Não tenho mais as brigas semanais, a bateção de portas. Não tenho mais aqueles olhos esverdeados me olhando como seu eu fosse uma grande obra, não tenho quem me diga que eu posso tudo o que eu quiser, e que eu sou capaz, que sou forte. Não tenho ninguém pra falar mal do meu ex-ex-namorado e elogiar o atual ex. Não tenho quem olhe pra mim e diga como eu estou mal cuidada e pinte meu cabelo, faça as minhas unhas e dê risadas do cotidiano.

Sonhei com ela algumas vezes seguidas há algum tempo atrás. E acordo desesperada do mesmo jeito que acordei quando sonhei que ela tinha sido assassinada. Não consigo mais dormir direito, me alimentar adequadamente. Falta ela pra me puxar a orelha e dizer que devo cuidar melhor de mim.

A dor da perda da minha mãe ainda é a mesma que eu senti na hora em que eu soube. Essa dor não diminui. Esse vazio não se preenche. Apenas estou me adaptando a ela, me acostumando com essa sombra que estará comigo até o fim. Vou tentando reconstruir minha vida ao redor dessa dor avassaladora, do jeito que dá. Não tenho mais quem me ensine como se faz isso.

Dizem que a vida continua. Só se esqueceram de explicar como fazer para viver de verdade sem uma mãe por perto. Porque, sem ela, eu só estou sobrevivendo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

30 Cartas, 30 Dias #10

Dia 10 - Alguém que você não fala tanto como gostaria

Tenho saudades das nossas conversas. Antes elas eram mais sólidas, cheias de significados, brincadeiras, carinho. Agora não passam de simples formalidades.

Você se afastou de mim. Assim, meio sem querer, como quem não quer nada. Você se afastou. Eu pensava que com você eu nunca me sentiria sozinha, mas sabe-se lá o que você entendeu, sabe-se lá qual foi a história que você ouviu, enfim, o lance é que eu te esperei todos esses dias, e, na verdade, continuo esperando. Afinal, aquela amizade que a gente fez não foi apenas de aparências. Pelo menos não do meu lado.

Espero sinceramente que você se disponha a me ver, a me ouvir, a falar comigo, a contar e recontar suas histórias novamente. Tenho tantas coisas pra dizer, tantas coisas pra ouvir de você, tanto a carinhar e receber carinho...

Sinto sua falta.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

30 Cartas, 30 Dias #09

Dia 09 - Alguém que eu gostaria que pudesse responder.

Eu não sei exatamente como as coisas serão daqui pra frente. Parece que quanto mais a gente tenta resolver as coisas, piores elas ficam. Não seria bem mais simples se a equação "EU TE AMO + VOCÊ ME AMA = FELIZES PARA SEMPRE" funcionasse?

Pena que as coisas não funcionam desse jeito. Não sei do que você tem medo, se é que é medo e não um outro sentimento que faz com que você fique preso, imóvel. É difícil entender que eu posso mudar tudo, dar um nó no meu mundo, deixar muitas coisas e muita gente para trás enquanto o teu maior esforço é verificar se eu posso ser aceita. Enquanto eu abro o peito e enfrento o mundo por sua causa, você se esconde debaixo da asa de alguém temendo o futuro.

Eu sempre entendi que as pessoas devem correr atrás e lutar pela sua felicidade. Mas nesse jogo multiplayer não consigo mais nos ver como uma equipe. O que eu vejo é que sem a aprovação de outras pessoas, nós nunca poderemos construir a vida com que viemos sonhando nos últimos dois anos. E quando o assunto é aprovação, a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco - neste caso, o meu.

Eu sempre disse que mentiras não valem a pena, que elas apenas mais machucam do que oferecem soluções. Mas não adianta, a mentira está presente entre a gente desde o primeiro encontro. E é essa mesma mentira que faz com que a gente acabe se afastando, mesmo quando o que mais queremos é ficar juntos, lado a lado.

Se a gente realmente se gosta, se a gente realmente quer ficar junto, por que outras pessoas devem dar este aval? É a minha felicidade e a sua que estão em jogo. Pode até parecer que o mundo vai acabar se você lutar por isso, mas não. Ele vai dar uma volta inteira e voltar pro seu lugar.

Enquanto eu me pego lutando contra bruxas e fantasmas, você bebe um vinho com o dragão. É muito difícil lutar sozinha, especialmente quando não se vê resultados, nem esperanças. Pode até haver luz no fim do túnel, mas eu tenho certeza de que se trata de um trem na contramão.

O que eu sempre pedi, pra todos os homens importantes que despertaram meus sentidos, foi para que me assumissem. Me assumir não é pagar as minhas contas, não é me visitar quando a esposa dá uma brecha, não é andar por aí olhando de soslaio para os lados, afim de que não sejamos descobertos. Descobertos por quê? Por quem?

Até onde sei, gostar de alguém não deveria ser uma dívida, e sim uma dádiva - principalmente quando este sentimento é recíproco. Acho que nós deveríamos estar preocupados com os planos pro futuro, como conquistar nossos desejos, como realizar nossos sonhos; e não em como fazer para que não nos descubram, para que não interfiram.

A felicidade em questão é minha e sua. Não é do Joãozinho, da Mariazinha, do Pedrinho ou da Aninha. Sou eu e você - e mais ninguém. Ninguém pode saber o que se passa porque eles não estão dentro da gente - não sabem o tamanho do amor, do carinho, do companheirismo, da saudade, da vontade. E nem nunca vão saber.

As pessoas se fecham em um mundinho onde cada coisa está no seu lugar. Se é certo ou errado, não é a questão, a questão é as pessoas não aceitarem interferência em seus mundos, mesmo quando a mudança é no mundo do cara ao lado. Não entendo essa necessidade de satisfazer os desejos dos outros acima dos seus. Precisa de aceitação? Eu te aceito, assim, como você é. Precisa de carinho e atenção? Eu te espero todos os dias, com o seu café pronto e meu colo pra te aninhar. Precisa de uma cama quente? Comprei dois edredons essa semana. Mas o que eu faço e o que eu me disponho é pouco. O que interessa são sempre os outros. Talvez porque eu seja realmente uma tonta que deixa claro que sempre estará te esperando.

Acho que o que eu mais queria era ver que você acha que eu valho a pena o suficiente para enfrentar o mundo. Lutar por mim, por você, por nós. Deixar que os outro pensassem o que quisessem, e deixasse claro que a opinião deles não importa. Que só queremos construir e não aceitaremos destruição.

Pena isso tudo se tratar de utopia.

sábado, 2 de abril de 2011

30 Cartas, 30 Dias #08

Dia 08 - Melhor Amigo Virtual

Nos conhecemos de repente, nem lembro mais como. E da mesma forma em que repentinamente nos conhecemos, ficamos amigas imediatamente. Resolvemos descobrir quem éramos, quem somos e quem queremos ser.

Afinidades não se explicam, nós as temos de acordo com o que pensamos ser bom para nós, de acordo com o que os outros fazem por nós, de acordo com os sentimentos que os outros inspiram em nós. Por isso te ter como amiga é bom pra mim, seus gestos me encantam e só me inspiram bons sentimentos.

Aprendi a gostar de você por quem você é por dentro, pela sua história, pelos seus pensamentos. Gosto de sua postura respeitosa de aceitar o meu não querer falar de certos assuntos me deixando livre e à vontade. Admiro sua cultura, educação, inteligência, bom humor, sinceridade e simplicidade. Seu jeito forte, meio infantil, alegre e divertido marcam a sua personalidade.

A melhor coisa que poderia ter acontecido entre nós foram os meses de convivência, porque foi quando selamos essa nossa amizade. Seu carinho e seu abraço me fazem falta a cada dia. O que me consola é saber que a nossa distância é apenas física, porque eu te tenho guardada em mim, e sei que eu também estou na sua caveira exposta no peito.

Você, com seu jeito moleque, me dá chão quando eu preciso de terra firme e me dá um pedaço do céu quando me falta fé. Você é mais que ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante, costas largas. Você percebe meus desejos em meus olhos, meus disfarces, alegria, medo. Você aguarda pacientemente e se entusiasma quando vê surgir aquele tão esperado brilho no meu olhar, e é quem tem uma palavra sob medida quando estes mesmos olhos estão amplificando tristeza interior. Você já sentiu o mesmo que eu. Você é a compreensão para o meu cansaço e a insatisfação para a minha reticência.

Você é verdade e razão, sonho e sentimento. Nós somos pra sempre, mesmo que o sempre não exista.

sexta-feira, 1 de abril de 2011


Any humble guy would know how good it feels when a girl cuddles into you like this.

30 Cartas, 30 Dias #07

Dia 07 - Ex-namorado

Puxa vida, não esperava escrever justamente esta carta pra você. Mas escrevo, porque eu não tô entendendo nada mesmo. Pelo menos, não foi desse jeito torto que eu aprendi a te namorar.

Outro dia sonhei que te abracei. E relembrei vários momentos nossos. Alguns dizem que é fácil quebrar esse elo que nos une, muito simples até, basta querer. Deveria haver algo que explicasse o porquê de coisas parecidas não serem iguais, ou até mesmo uma ferramenta que possa explicar a colagem dos dispositivos que me fazem funcionar desse modo quando estou perto de você. Alguns vão dizer que me deixei capturar por eles. Foda-se o que eles dizem, porque gosto mesmo de você. Não quero que você olhe para mim e fique pensando o que de você sou eu. O que em mim ainda vive de você também não importa. O que há em mim existe porque sobreviveu, sangra e pulsa. Assumo as razões que nos empurraram a mudar tudo, a transformar os pólos do mundo em obstáculos intangíveis. Eu gostaria que esquecêssemos tudo. Então poderíamos ser otimistas. Fechamos portas, talvez seja a hora de escancará-las, assim podemos falar sobre dor e alegria. Por alguns segundos. E pelo tempo que podemos ficar juntos. Espero que entenda que posso não estar com você o tempo todo e que talvez eu, ou você, ou o momento falhe novamente.

Não vou mais implorar para você ficar. Você precisa fazer suas próprias escolhas, decidir sem que eu tenha que convencê-lo. Mas sim, acredito em milagres. Pequenas coisas completamente surpreendentes que podem acontecer num estalo de dedos, foi assim, um dia em que meu cabelo acordou ótimo, foi assim quando você pediu um suco de laranja para matar a sede. Mas não é apenas uma questão de crença, é uma vontade de que a vida seja mais do que a pura e branca realidade que aspiro todos os dias até secar minhas narinas. É a vontade que tenho de viver muito mais com você, o desejo de que fiquemos juntos porque queremos e não simplesmente porque estava escrito nas estrelas.

O céu e todas as coordenadas nos guiam aos lugares conhecidos e é por isso que se você for meu coração irá junto. Pois somos feitos de estrelas.

quinta-feira, 31 de março de 2011

30 Cartas, 30 Dias #06

Dia 06 - Um desconhecido

Você que passa apressado por mim no trem, ou você por quem eu passo batido no ônibus: Olá! Como vai você? Quem é você? Qual é o seu sonho? Quais são suas dores e apegos?

Sua história me interessa. Me interessam todas as histórias e vidas do mundo. Tenho encontrado uma paz interior que me lembra que eu amo a tudo e a todos - inclusive você, de quem nem sei o nome.

Sim, eu te amo. E amo também seus pais, seus filhos, seus cachorros e suas pulgas.

Já parou pra ver como o mundo funciona bem nessa beleza caótica? Claro, nem todos estamos felizes com esta ou aquela situação. Mas temos a capacidade da transformação, de nos transformarmos e transformar o mundo ao nosso redor. Somos capazes de transformar nosso próximo em uma boa pessoa, um "verdadeiro homem". Mas preste atenção nas pessoas à sua volta, não vale de nada termos um ou dois bons amigos e o resto não valendo nada. Devemos procurar fazer as pessoas se tornarem positivamente boas. Para conseguir isso, o mais importante é o próprio exemplo. Mas lembre-se: você deve guiá-los, não empurrá-los.

Se queremos que nosso próximo seja feliz na vida, devemos fazer com que ele assimile o costume de praticar o bem.

Acredito que Deus nos colocou neste mundo delicioso para sermos felizes e saborearmos a vida. A felicidade não vem da riqueza, nem do sucesso profissional, nem do comodismo da vida regalada e da satisfação dos próprios prazeres.

Um passo para a felicidade é, enquanto jovem, tornar-se jovem e saudável, para poder ser útil e gozar a vida quando adulto.

Fique contente com o que possui e tire disso o melhor proveito. Veja o lado bom das coisas, em vez do lado ruim.

Mas o melhor meio para alcançar felicidade é proporcionando aos outros a felicidade.

Procure deixar este mundo um pouco melhor do que o encontrou e, quando chegar a hora de morrer, você poderá morrer feliz com o sentimento de que pelo menos não desperdiçou o tempo, mas que procurou fazer o melhor que podia. Deste modo esteja bem preparado para viver feliz e para morrer feliz.

Extratos

"Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quanto necessitamos de algo ou alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido longo, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. É, eu gosto muito de ti."

"A gruta é úmida, escura, fria. Não tenho roupa, não tenho fome, não tenho sede. Só tenho tempo, muito tempo, um tempo inútil, enorme, e este farrapo de folha de livro. Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles. Eu não podia saber, ele não falava. E, depois, ele não veio mais. Eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. Mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique, a gente constrói qualquer coisa, até um castelo."

"Não é afastando as pessoas que te amam - como eu, por exemplo - que você vai se sentir melhor. Entenda que eu quero estar com você, do seu lado, sabendo o que acontece. De repente me passa pela cabeça que a minha presença ou a minha insistência pode talvez irritá-lo. Então desculpa, não insistirei mais. Eu queria dizer que eu estava com você, e a menos que você não me suporte mais, continuaria te procurando e querendo saber coisas. Bobagens? Pois é, se quiser ria como você costuma rir para se defender. Não estou me defendendo de nada. Estou perguntando a você se permite que eu tenha carinho por você, seu idiota. Mas estou aqui, continuo aqui não sei até quando, e quando e se você quiser, precisar dê um toque. Te quero imensamente bem, fico pensando se dizendo assim, quem sabe, de repente você até acredita. Acredite."

"Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me sequestre de uma vez. Talvez você pule esses três ou quatro muros que nos separam e segure a minha mão, assim, ofegante, pra nunca mais soltar. Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia."

"Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser à toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar."

[Caio Fernando Abreu]

quarta-feira, 30 de março de 2011

30 Cartas, 30 Dias #05

Dia 05 - Seus Sonhos

Nunca fui uma pessoa de sonhos grandiosos. Os três sonhos da minha adolescência, eu já realizei. Agora, com mais idade, venho nutrindo novos sonhos.

Meus sonhos são muito simples. São simples e frágeis. Mas únicos.

Por pouco eu quase desisti deles. Mas eu não posso fazer isso, porque estes sonhos são meus, eles me pertencem, eles refletem quem eu sou. E como alguém pode ser feliz abandonando os próprios sonhos? Vivendo os de outra pessoa? Não, obrigada. Meus sonhos são humildes, mas valem muito. Minha felicidade vale muito.

Eu me prometo não abrir mais mão dos meus sonhos por nada e nem por ninguém. Só eu sei o que eu sinto, só eu sei o que eu penso, só eu sei o que tenho. Opiniões de fora são válidas, quando solicitadas.

Não vou mais sacrificar nada nem ninguém por coisas que não valahm a pena. Agora meus sonhos são meu objetivo.

terça-feira, 29 de março de 2011

30 Cartas, 30 Dias #04

Dia 04 - Irmão ou parente mais próximo


Você já conhece a sua história, mas eu não canso de recontar.

Não esperava engravidar de você. Eu tinha apenas 17 anos, estava terminando o segundo grau, com mil coisas pra começar a fazer.

Mas nunca poderei dizer que foi uma gravidez indesejada. Apenas não foi planejada. Mas você foi muito desejada, desde o instante em que eu recebi a notícia de que o exame tinha dado positivo.

Você sabe: eu sempre disse que você é o meu anjo da guarda.

É você quem está sempre ao meu lado, pro que der e vier. Mesmo com apenas dez anos, você é uma das melhores amigas que eu poderia ter na vida. E quero que isso seja recíproco pra sempre.

Você é uma menina muito especial, definitivamente. Você é linda, inteligente, criativa, bem humorada, carinhosa, meiga, educada, madura, curiosa, sem-vergonha, sorridente. É inacreditável a nossa afinidade, o nosso poder de ficarmos unidas, de estarmos sempre dispostas uma para a outra. Nos ajudamos, nos confidenciamos, nos desejamos todo o bem do mundo.

Ainda bem que você sabe que tudo que eu faço é pensando no nosso bem. Principalmente no seu.

E lá vamos nós pra mais uma etapa nas nossas vidas. A gente vai tentando, tentando, até acertar. Como você sempre canta pra mim, "a gente se ajeita numa cama pequena".

Quero que você continue sempre assim, que você brinque muito, que você caia bastante, rale o joelho, tome bolada, faça gol, cante desafinado, cante afinado, pule no colchão, quebre as xícaras. Quero que você aproveite a sua vida e me aproveite até o fim dos tempos.

Separadas, não somos nada. Mas juntas, podemos tudo.

Te amo de montão, uma coisa que é maior do que tudo, que é mais forte do que tudo.

Obrigada, minha filhota, por ser a pessoa mais importante da minha vida.

segunda-feira, 28 de março de 2011

30 Cartas, 30 Dias #03

Dia 03 - Pais

Mamãe e Papai,

Só tenho a agradecer por vocês terem sido os meus pais. Graças a vocês, hoje tenho discernimento do que é certo e errado, bom e mau. Graças a vocês, penso duas vezes antes de fazer mal aos outros - já que vocês me ensinaram que quando fazemos mal ao próximo, nós somos os maiores prejudicados.

Escrevo esta carta de alma limpa. Sou uma pessoa que tem coragem de lutar pelo que acredita, que tem coragem de ir atrás do sonhos, que busca justiça e que procura o melhor nos outros. Mas também não tolero mentira, injustiça, egoísmo e decadência. Ainda bem que vocês me ajudaram a fazer de mim quem eu sou.

Vocês me ensinaram o real valor das coisas. Que nossa casa fica onde nosso coração mora, que família é aquela que nos apoia e quer bem, que não se deve tirar vantagem dos outros nem pisarmos em ninguém para alcançar nossos objetivos.

Hoje, vocês se encontram a quilômetros de distância - até em outro plano, mas a presença de vocês sempre foi o que me manteve em pé.

Fui educada para ser o que sou: uma mulher forte, guerreira, capaz de lutar contra tudo e contra todos quando o que importa é a felicidade.

Tive uma educação rígida, e só tenho a agradecer por ela não ter sido abusiva, como tanto se vê por aí. Quando eu errei, vocês me puniram. Quando eu acertei, vocês me incentivaram. Quando eu achei que era sozinha no mundo, vocês me acolheram. Quando eu fui injustiçada, vocês me deram suporte. Quando eu cometi injustiça, vocês me mostraram a realidade. Quando eu menti, vocês vocês me mostraram o véu da ilusão. Quando eu enlouqueci, vocês me curaram. Quando eu achei que não havia mais saída, vocês me mostraram a porta. Quando eu acreditei que não sorriria mais, vocês me abraçaram.

Vocês me criaram para que eu ganhasse o mundo, não para que eu ficasse debaixo das asas de vocês. Graças a Deus, vocês criaram filhos para que eles vivessem o melhor, não para que cuidassem de vocês na velhice. Sempre disseram que eu deveria cuidar da minha vida, cultivar a minha felicidade, que a vida de vocês já estava ganha, o que importava era eu fazer a minha vida.

Hoje vejo como é difícil encontrar pai e mãe conscientes como vocês, que se importam com a felicidade dos filhos sob qualquer circunstância, não com os benefícios que este filho pode trazer.

Errei muito, especialmente na minha adolescência. Mesmo errando, vocês sempre me orientaram, me deram uma palavra de carinho, de apoio. Sempre buscaram aceitar os meus amores, os meus sonhos, os meus desafios.

Pobre daquele que não pode dizer o mesmo. Pobre daquele que não pode encontrar em seus pais um bálsamo, um alento, um carinho. Pobre daquele que não tem coragem de lutar contra os erros dos próprios pais. Pobre daquele que se deixa influenciar pela aura pesada e pela vida frustrada dos pais que tem. É gratificante olhar para os lados e ver que ninguém no mundo pode falar uma palavra maliciosa sobre vocês. É gratificante pensar o quanto eu tenho sorte de ter vocês - e mais gratificante ainda é ouvir vocês dizerem o quanto são abençoados por nos terem como filhos.

Obrigada por me terem feito uma pessoa sã, fisica e mentalmente. Obrigada por me darem apoio na busca pelos meus sonhos. Obrigada por me mostrarem que sempre há esperança no final da história.

Obrigada por vocês terem sido meus pais. Os melhores pais do mundo.

Por Enquanto
Cássia Eller

domingo, 27 de março de 2011

"É sempre melhor dizer eu errei do que eu menti"
[Fabrício Carpinejar]

De repente me descubro sozinha. A cama vazia, a noite fria e escura. Falta.

Não posso negar que tenho uma esperança burra de que as coisas se resolvam. Não gostaria de pensar nisso, não gostaria de sentir o que sinto. Queria poder tirar meu coração do peito e jogar pra longe, pra água, pro frio, onde pudesse congelar e ficar inerte ao agora. Só o reaveria depois que eu já tivesse reorganizado a minha vida depois do furacão.

Quando a gente escolhe ficar com alguém, essa pessoa não vem sozinha. Ela traz também todas as dores, todos os traumas e infelicidades gerados no passado. Mas se você realmente vir a amá-la, todos esses problemas parecerão pequenos demais quando estão juntos. O que vai fazer a diferença é o nível do seu comprometimento com o outro.

Eu te amei, eu te amo, e muito. Eu soube o que é amar como Julieta, um amor que nos faz deixar os amigos e entes queridos para trás, um amor que nos faz atravessar quilômetros e recomeçar. Eu tive coragem de me agarrar a esse amor. Se não fosse amor, não haveria planos, nem ciúmes, nem coração magoado. Se não fosse amor, não haveria desejo, nem o medo da solidão. Se não fosse amor não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você. Se não fosse amor eu já teria desistido de nós. Talvez você já esteja certo de que não me ama mais. Tudo bem, mas então não diga que foi amor. Foi apenas mais uma paixão, passageira e efêmera como qualquer outra.


Não sei que raios de ligação é essa que me impede de me desvincular de você. Sempre quis te ver bem, quis te ajudar a amadurecer, a se esquivar dos vícios de criação, e fico decepcionada quando algo te faz sofrer. É triste pensar que me encontrei em seus olhos castanhos e em sua voz mansa. É triste pensar que eu tenho a lembrança de todas as coisas que você me disse, de todas as coisas que me fizeram sentir melhor, e essas coisas eu não vou esquecer.

Eu posso até dizer que não quero mais, que estou indo embora, ou qualquer coisa do gênero. Mas eu não vou conseguir tirar você do meu coração. Eu estaria mentindo se dissesse que sim. Eu te amo, isso não vai mudar, ainda que algumas coisas não sejam mais as mesmas.

Eu queria ser única pra você. Única em tudo, entre todos. A única que tem o cabelo mais bonito, os olhos mais belos e a boca mais perfeita. A única que você acha linda quando acorda e a única mulher com quem você pode conversar sobre qualquer assunto que lhe venha à cabeça. A única que te faz realmente bem, que te faz realmente feliz. Porque mesmo que eu não seja a única que te ama nesse mundo, eu sou a única que te ama com essa intensidade, com essa paixão. A única capaz de mudar o mundo por você. A única capaz de enfrentar o mundo por você. E você, sem dúvida, é único pra mim. De tudo o que eu disse, você me encanta, me domina, me apaixona. Eu só queria que isso fosse mútuo.

Eu não vou ligar pra você, não vou te bloquear no MSN nem tampouco te chamar pra conversar. Não vou sair correndo atrás de você, agindo estupidamente gritando na rua que eu te amo. Não vou mais perguntar sobre a aliança perdida da minha mãe nem se você já foi ao médico. Não vou te contar quando farei o exame nem o resultado. Não vou dizer pra você nem pros seus amigos quais são meus novos planos pro futuro.

Espero que você esteja feliz, porque te querer feliz, sempre foi mais importante do que apenas querer você.

 
”Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada…”

Caio Fernando Abreu

30 Cartas, 30 Dias #02

Dia 02 - Uma paixão

Oi, você. É, você mesmo, sentado neste sofá verde que eu conheço tão bem. Será que a esta altura ainda consegue se lembrar do meu cheiro ou da minha voz?

Eu era jovem, imatura, inexperiente, despreparada. Você viu em mim algo que nunca teve, e quis partilhar seu mundo comigo. Eu aceitei.

Você me completava, me dividia, me somava e me subtraía. Você multiplicava meus sorrisos todo o tempo, me dava forças e me apoiava. Nunca houve "eu" ou "você", "meu" ou "seu". Era nosso amor, nosso respeito, nossa dedicação, nossa vida. Éramos completos por sermos iguais.

Nossa relação era bem como dizia a música que você sempre me dedicava - Wonderful Tonight.

Lembro de cada encontro, de cada desencontro, cada discussão, cada reconciliação. De quando você parou o carro no meio de uma avenida movimentada só pra pegar uma flor do canteiro central pra mim porque você a achou bonita. Do dia dos namorados que caiu numa quarta-feira e eu não poderia sair, e mesmo assim você foi pra casa de terno e gravata com taças e uma garrafa de vinho. Do All-Star amarelo que eu  queria tanto e você me deu. Da sua ignorância fingida quando eu pisei na bola. De você me ensinando a dirigir e se preocupar comigo quando quase bati seu carro. Da flor que você colocou  dentro do meu livro da faculdade. Do sol nascendo na praia depois de uma noite de bebedeira. Do meu nome escrito no acostamento com xixi. Da sua amizade com a minha mãe. De quando minha saia rasgou no meio de uma festa quando eu pulei nas suas costas. Do jeito que você me olhava e me devorava. Lembro de você me procurando às cegas numa praia e de eu te esperando por horas na escada do seu prédio.

Você está gravado em mim, na minha cabeça, no meu suor. Você está em cada lágrima que eu deixei rolar por ter meu coração partido. Todas as minhas idas e vindas remetem à você.

Tudo em você me faz falta, até hoje, mesmo depois de tanto tempo. Ainda posso sentir seu cheiro e ouvir sua voz me chamando pelo apelido que você carinhosamente me deu - e que carrego até hoje.

Sinto falta do seu jeito equilibrado e manso, do seu jeito de me tranquilizar e não só falar, mas mostrar, que as coisas ficariam bem depois de uma tormenta. Você sempre soube dizer as palavras certas na hora certa, avançar e recuar quando necessário, me tratar como uma menina desprotegida ou como uma mulher forte, conforme a situação.

Eu te amei. Meu Deus, como eu te amei. E eu daria qualquer coisa pra voltar atrás e fazer tudo diferente, e te ter comigo sempre e pra sempre, como costumávamos dizer.

Mas não. Eu não soube lidar conosco. Me deixei deslumbrar e iludir com sonhos que nunca te deixei saber. Por tanto medo de te perder, eu te perdi.

E continuo perdida, andando por aí, à deriva, pagando um preço alto por ter te deixado.

Se eu ainda te amo? Não sei. Mas sei que te procuro por aí, em outros rostos e outros sabores. Sei que a sua falta é a mais dolorida que eu tenho.

Me perdoa por ter errado tanto. Eu estava tentando acertar.

30 Cartas, 30 Dias #01

Dia 01 - Melhor amigo

Paulo,

Lembro quando nos conhecemos, há muito tempo atrás, numa época em que éramos um pouco mais inocentes e acreditávamos que podíamos mudar o mundo através de uma ideologia linda, mas equivocada.
Lembro de quando nos apaixonamos e do quanto lutamos contra este sentimento, contra nós e contra quem se opusesse a nós.
Lembro das noites em claro, das outras noites mal dormidas, das conversas ao telefone, do colo, do ombro, do toque. Lembro até do nosso primeiro beijo.

Eis que hoje somos mais unidos do que poderíamos imaginar algum dia. Toleramos os defeitos um do outro, procuramos apontá-los para melhorarmos nossa personalidade, admiramos quem nos tornamos e a nossa capacidade de lutar, lutar até o fim por aquilo que consideramos correto. Aprendemos juntos a prezar a retidão de caráter e a procurar justiça em cada ato.

Depois de quase vinte anos juntos, sei que sempre estaremos lado a lado, nos dando suporte e afeição. Não precisamos pedir perdão nem sermos perdoados por nada que fizemos, sempre agimos de coração - e aí se encontra a grande beleza de sermos quem somos.

Só nós somos capazes de entender a grandeza deste amor homem-mulher que, de tão forte, é muito mais do que carnal, muito mais do que espiritual. É vital.

Somos mais do que amigos. Somos quase irmãos.

sábado, 26 de março de 2011

30 Cartas, 30 Dias

Vi por aí e achei o máximo, mais barato e prático do que terapia. Ou não.

O Projeto 30 cartas, 30 dias tem o objetivo de aliviar a alma. A cada dia se escreve uma carta pra um destinatário, de acordo com a consciência e com o que se pede. Não deveria se repetir o destinatário, mas eu acho que vou fazer muitos repetecos aqui.

Dia 1 -
Melhor amigo
Dia 2 - Uma paixão
Dia 3 - Pais
Dia 4 - Irmão - ou parente mais próximo
Dia 5 - Seus sonhos
Dia 6 - Um desconhecido
Dia 7 - Ex-namorado
Dia 8 - Melhor amigo virtual
Dia 9 - Alguém que você gostaria que pudesse responder
Dia 10 - Alguém que você não fala tanto como gostaria
Dia 11 - Um falecido com quem gostava de conversar
Dia 12 - A pessoa que você mais detesta ou que tenha lhe causado muita dor
Dia 13 - Alguém que você gostaria que te perdoasse
Dia 14 - Alguém que você se afastou
Dia 15 - A pessoa que você mais sente saudade
Dia 16 - Alguém que mora longe
Dia 17 - Alguém da sua infância
Dia 18 - A pessoa que você gostaria de ser
Dia 19 - Alguém que te desequilibrou - pra bem ou mal
Dia 20 - O que partiu seu coração mais duramente
Dia 21 - Alguém que você julgou pela primeira impressão
Dia 22 - Alguém que você quer dar uma segunda chance
Dia 23 - A última pessoa que você beijou
Dia 24 - A pessoa que lhe deu a sua melhor lembrança
Dia 25 - Uma pessoa que está atravessando tempos muito difíceis
Dia 26 - A última pessoa que você fez uma promessa
Dia 27 - A pessoa mais simpática que você conheceu por apenas um dia
Dia 28 - Alguém que mudou sua vida
Dia 29 - A pessoa a quem você quer dizer tudo, mas tem medo de fazê-lo
Dia 30 - Seu reflexo no espelho

STAND-BY

te amo