terça-feira, 3 de setembro de 2019

111 dias

Foi o intervalo entre o aniversário dele e o meu. As mesmas datas, a que me descobri grávida e a que me senti plena e segura.
O mesmo período que levou para eu finalmente me sentir empoderada e pronta pra uma maternidade solo.

Do dia de amanhã ninguém sabe, então me contento por hoje ter a dádiva de sentir meu bebê mexer-se todos os dias, com a satisfação de vê-lo nos próximos exames e a ansiedade de deixar tudo pronto para a chegada dele.

Serei pra ele o que fui para minha primeira filha e muito mais - agora tenho experiência em fazer minha presença e minha atenção valerem por pai e mãe!

Quero apenas que ele se aprochegue com calma e se prepare com parcimônia no seu forninho, que aqui fora estamos esperando-o - uma mãe que chora de alegria a cada movimento dele e uma irmã que já o ama mais que tudo no mundo!

segunda-feira, 8 de julho de 2019

A whole new world

Preciso ser sincera com você, eu não me arrependo de nós. Tenho uma saudade para sentir, uma história para contar e posso afirmar para o mundo que vivi um amor como o nosso.

Saiba que você teve o privilégio de eu ter te amado.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Lego house

Quando você começou a se entregar, eu já tinha começado a te receber. Não era como se fosse coisa de um só, era de dois. Um mais um. As tuas mãos pareciam encaixar nas minhas como peças de lego nas mãos de crianças que já conseguem entender como montar da melhor maneira, de acordo com o momento. Nesse instante, as peças se transformavam em uma escada e por isso a gente dava as mãos: para ir subindo juntos. Quando você ia se entregando, eu ia te recebendo do mesmo modo. Em alguns dias mais escuros você até conseguia ver alguns medos meus. E você tinha vontade de me proteger de tudo.

Mal sabia eu que você só não poderia me proteger um dia - e que eu pediria por isso - de todo o seu amor.

Eu te quis mais do que tudo no mundo. Mas você se engana se acreditar que eu desejei somente você. Eu quis nós dois. Porque nós éramos incríveis juntos! A gente poderia alcançar qualquer coisa. Viajar o mundo, aprender mais e mais línguas, jantar em Paris e almoçar em São Paulo. E planejar a próxima viagem para Nova York logo ao chegar.

Mal sabia eu que nossas viagens seriam em poltronas e destinos completamente distintos.

Apertando os cintos diante das turbulências que são normais a quaisquer casais, eu tentei te segurar nos braços para que você não pudesse cair muito longe e se machucar. Mas você queria voar e mudar de lugar, talvez porque o barulho perto da asa estava sendo ruim. Ou talvez você quisesse a sua própria atmosfera basilar diante da pressão interna do nosso voo. Pressões às vezes que eram suas, às vezes minhas. Como crianças a gente ia tentando se encontrar e explorar as melhores maneiras de fazer funcionar. De andar no avião sem cair, segurando as poltronas ao se deslocar, sob olhares atentos de todos.

Talvez tenha sido em uma dessas andanças que eu vi outro rosto. Outros. E penso que tenha visto algum tipo de luz e de brincadeira que não encontraria na nossa bagagem.

Eu não sei explicar.

Só sei que a partir daí os nossos legos se tornaram horizontais, como estradas. De cores, formas e direções diferentes. Eu quis, como fala o Ed Sheeran, te construir uma "Lego house". Acabei compreendendo somente que cada um teria a sua. Seria coisa de um só a partir dali.

Uma coisa ninguém pode negar: existe uma peça, no mínimo, com cada um de nós em algum lugar. As pessoas dizem que esse tipo de peça perdida a gente só percebe quando pisa, machuca e então olhamos pra baixo e a notamos. E que dói.

Não mais.

É questão de cuidado e respeito guardar no lugar correto, acima da linha dos olhos. Olhando sempre pra frente ou pra cima.

sexta-feira, 22 de março de 2019

Perdoando o Adeus

Nos despedimos aos poucos, quase sem perceber.
O abraço fica mais forte.
O olhar, demorado.
O silêncio prevalece entre as conversas.
Percebemos algo mudando e não entendemos o quê.

A gente se despede desse jeito.

Não se fala mais como se tivesse todo o tempo do mundo.
Citamos lembranças antigas.
Memórias engatadas.
Um dar-se para nunca mais.
Um testamento.

Ninguém parte sem arrumar a casa antes.

terça-feira, 5 de março de 2019

Post scriptum

Sinto sua falta. Todos os dias, todo o tempo.

Você fez com que eu acreditasse de novo, fez com que o mundo se tornasse um lugar bonito - e hoje eu acredito que as pessoas podem sim ser boas e melhores a cada dia. Você me deu perspectivas, expectativas e sonhos.

Sinto sua falta. Todos os dias, todo o tempo.

Eu não pude mais deixar minhas perspectivas, expectativas e sonhos, os mesmos que você me deu, em segundo plano. Eu queria que você fosse meu abrigo e minha esperança, mas me perdi de mim, deixei de me reconhecer, deixei de me valorizar: me tornei medo e apreensão. Medo e apreensão que tornaram-se ainda mais reais na última vez em que nos falamos.

Sinto sua falta. Todos os dias, todo o tempo.

Eu quis te amar e te fazer feliz, te fazer sentir completo e preenchido com meu amor. Nós éramos raros. Nós éramos únicos.

Sinto sua falta. Todos os dias, todo o tempo.

Tenho me esforçado de forma sobre-humana para resistir ao hábito de te mandar mensagens ou telefonar para falar do meu dia e saber do seu, para compartilhar as amarguras do trabalho, as vitórias do amor e os tropeços da vida. Não é apenas perder o amor da minha vida, é também perder meu companheiro e melhor amigo.

Sinto sua falta. Todos os dias, todo o tempo.

Acima de tudo, desejo nossa felicidade - a sua e a minha. Passamos por muita coisa nessa vida, perdas, obstáculos e decepções. Somos merecedores de felicidade.

Um dia hei de deixar de sentir sua falta, todos os dias por todo o tempo.

Um beijo, te amo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Pedido de vida inteira

Quer casar comigo? Casar de verdade. Todo mundo vai saber. Todo mundo vai ver. Casar de verdade. Ir ao cinema de mão dada, ajudar a sua avó a fazer as compras no mercado, pedir pra você acompanhar a Ana pro trabalho quando eu estiver enrolada na faculdade. Casar de verdade. Deixar bilhetinho pela casa, na sua carteira, na sua calça, te fazer café da manhã, preparar sua marmita, lavar suas roupas, deixar meu cheiro em tantas outras, pedir pra comprar leite - desnatado - na volta pra casa... tudo de mais ridículo publicamente que um casamento tem. Casar das pessoas não aguentarem mais de tanto que eu falaria em você. Quer?

Eu prometo rir pras suas milhões de fotos com cara engraçada, prometo não ficar irritada quando você não conseguir me dar instruções simples de como chegar em um lugar. Prometo nunca mais pedir pra ler suas coisas antigas, nem reclamar que você trabalha na sua folga, nem que você nunca consegue decidir o que a gente vai comer – e quando eu decido, você quer saber em detalhes o que eu escolhi e como vou cozinhar. Prometo não te ligar de manhã cedo, não ficar chiando de você silenciar suas notificações nem reclamar que você está sempre atrasado para nossos compromissos.

Casa comigo? Faz coisas idiotas de casal comigo, como entrar juntos na cabine de foto, sair correndo no meio da rua e se abraçar ou ligar pro seu trabalho e pedir pra falar com você só pra falar que eu te amo. Quer casar comigo? Casar de já escolher nome dos filhos, raça dos cachorros, se eles serão corinthianos ou gremistas (tem maluco pra tudo!). Casar de querer saber das vergonhas de adolescente, de jogar videogame com o irmão e de botar a sua foto como papel de parede do meu celular, e acabar com a bateria dele quando eu tiver com saudade só de ficar olhando pra você.

Eu prometo que a gente vai ser como a gente queria ser lá atrás, nos cafés da manhã nas padarias. Prometo que vai ser tudo exatamente como a gente planejava, timtim por timtim. Eu prometo que faço massagem nos seus pés, passo a mão nas suas costas e faço carinho quando você tiver com sono. Eu prometo que vou ser uma pessoa diferente, que vou ser a pessoa que você merece que eu seja, que você merece ter ao seu lado. Prometo que não vou mais cometer os erros que eu já cometi – e que você já me perdoou inúmeras vezes. Prometo que vou fazer você se sentir o homem mais amado do mundo.

Casa comigo?