quarta-feira, 27 de julho de 2016

Ei, você!

Na última noite eu resolvi reler nossa história, contada por você. Tantos textos sobre mim e sobre nós, tantos sentimentos que revivi ali, deitada na cama, antes de dormir.

Eu, que sempre quero mostrar desapego, não vejo mais necessidade disso. Sinto sua falta, falta do seu cheiro, do seu bem querer. Falta da sua incrível habilidade de me acalmar nas minhas tormentas. Falta de te contar quanta coisa boa vem acontecendo e de você dizer que é tudo mérito.

Eu queria te ver quando fiz minha matrícula. Tinha a esperança de, ao acontecer esse encontro, toda essa falta e essa saudade se dissipasse. Talvez não vá ser assim quando nos cruzarmos, talvez eu tenha a certeza de que não há no mundo melhor parceiro.

Tantos "talvez". Tantos "se".

Nós, tão diferentes, nos vimos em busca da mesma coisa sem buscar. Você, tão Google e eu tão Apple. Você tão razão e eu tão emoção. Você tão independente e eu tão dependente de você. Você, meu gigante e eu, sua miúda.

Ainda fico esperando ver sua moto no posto quando desço do ônibus, ou no portão de casa. Ou você dentro de casa, porque você sabe abrir o portão sem chave e sabe que eu não tranco a porta. A porta está lá, aberta, te esperando voltar pra casa.

Apesar de tudo, ainda me sinto preenchida. Ainda me sinto viva. Ainda me sinto especial como você me fazia sentir, e sou muito grata por isso. Você enxergou em mim facetas que ninguém mais viu, conseguiu penetrar no meu sorriso de Monalisa e me descascar da minha fantasia de Matrioska.

Era sensacional eu ser eu mesma, sem pudores e sem vergonhas. Era poder ter seu corpo sempre quente ali ao lado. Era nosso sexo, incrível e inigualável. Era nosso carinho, transparente e desmedido.

Muito obrigada por ter me livrado das garras do passado e me feito viver o presente e acreditar no futuro. Essa é uma das maiores dádivas que você me deu. Uma outra foi me mostrar que o Amor não precisa ser exaustivo, inconsequente e nem dolorido.

Você me fez uma pessoa mais feliz.

E eu te amo.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Não seja um merda

É sempre assim comigo: o relacionamento acaba, passa-se um tempo, eu mando uma mensagem final desejando uma boa vida e voilà, me apaixono por outra pessoa.

Então você, meu próximo amor-pra-vida-toda, deve estar por chegar. Só te peço uma coisa: não seja um merda.

Os merdas sempre me atraem com seu olhar perdido, suas histórias complicadas, suas famílias problemáticas e sua falta de perspectiva dramática. Por isso, próximo amor, eu preciso que você tenha uma carreira, não seja emocionalmente dependente e não tenha um sonho de vida diferente do caminho que você vem trilhando.

Assim, eu não corro o risco de me engajar em seu sonho, de querer te mostrar um mundo colorido, de me esforçar pra te ajudar a ser alguém melhor do que as pessoas dizem.

Eu não precisarei me vestir de Wendy pra ensinar o Peter Pan a crescer, nem pra ajudar nenhum menino perdido ou até mostrar pro Capitão Gancho que ele não precisa ser o vilão.

Quero que você traga aconchego e paz, leveza sem superficialidade, desejo sem loucura, compromisso sem amarrações. Traga sua história e sua experiência para somar com as minhas, sem nos subtrairmos. Divida comigo seus planos e seus projetos para multiplicarmos juntos.

Traga sossego pro meu desalento que eu te entrego meu coração. Traga firmeza pra minha confusão que eu te entrego minha vida. Traga segurança para os meus ânimos que eu te entrego minha alma.

Não seja um merda. Seja enfim o meu último amor-pra-vida-toda.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

É porque nunca se sabe

Meu desejo é estar com meu amor em dia. É saber que aquilo que transmito ao outro é um sentimento genuíno, de qualidade. É sentir que o amor que emano flui de mim forte, limpo e cristalino. E que alcança a alma do outro.

Não sei ser ou amar pela metade, sem entrega. Não sei amar pouco ou cautelosamente, em prestações.  Meu amor é vida, é feito planta brotando. Meu amor não se vê em mim, se vê nos olhos de quem amo.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Nostalgia

Cada dia que passa me traz a convicção de que você foi o tal amor da minha vida. Ou é. Difícil definir o que foi, o que é ou o que será quando se trata de sentir. Eu sinto, e só.

Me sinto só.

E hoje eu chorei de saudade. Chorei como criança perdida no supermercado. Chorei como adolescente de coração partido. Chorei como adulta sem chão.

Nem faz tanto tempo que você partiu, mas eu sinto como se fizessem décadas. A dor da sua partida, de te deixar partir, de nos permitirmos viver um sem o outro quando isso já não parecia possível, de nos afastarmos a ponto de não termos mais qualquer tipo de contato ou vínculo.

Você representou meus melhores e piores momentos, meus melhores e piores sentimentos. Com você eu fui aos céus de tanta satisfação e ao inferno de tanta insegurança. Com você, meus sentimentos eram primais, puros, instintivos. Era meu coração na sua forma mais crua.

Houveram outros depois de você, sim. Me apaixonei, fiz planos, tive meu coração partido novamente. Porém, nada se compara. Hoje você é mais um eu-lírico, porque minha memória já não consegue mais se lembrar do seu rosto, dos seus trejeitos, da cor dos seus olhos ou do seu cheiro. O que a minha memória guardou foi a sua voz. Fecho meus olhos e consigo te ouvir perfeitamente me chamando. "Luca".

Hoje, só uma pessoa me chama desta forma, no trabalho. E a cada vez que ele diz meu nome desta forma, "Luca", um arrepio me percorre o corpo e te sinto me tocando levemente.

Me esqueci do teu beijo, do teu carinho, do teu silêncio. Me descobri em outros braços, em afagos sem fim, em um romantismo que eu sempre quis, em um sexo fenomenal. Notei que não me encontrava quando a palavra cantada não tinha o seu timbre e quando o esforço em me entender não era como o seu.

Essa pessoa foi essencial para que eu me redescobrisse capaz de me apaixonar novamente. Não era amor, não como o nosso, que me fazia perder toda a moral e bons costumes, me permitindo lamber seu nariz ou sua axila apenas por diversão, me fazendo rir a cada rompante seu dizendo "Não há tempo para explicações! Suba em meu velociraptor que te explico no caminho!", me fazendo querer ser tua castelhana em nossa querência.

Passaram-se dois anos desde que te dei as costas no aeroporto e não tive coragem de olhar para trás. Você queria superar o homem da minha vida e tornar-se ele; pois bem, você conseguiu.

Me pego pensando como seria se você escolhesse voltar a essa altura. Quem sabe teríamos nossa vidinha, nossa Malu, nossos sonhos de volta. E isso, eu sei que eu não toleraria - simplesmente porque aquele menino que eu tanto amei tornou-se um homem completamente diferente do que era prometido.

Mas a vida tem dessas. Morremos um para o outro e nos tornamos pessoas completamente distintas daquelas pelas quais nos apaixonamos e nos doamos. Meu desejo para você é somente que você seja feliz.

Meu desejo para mim é que eu me sinta daquela forma novamente, capaz de fazer tudo aquilo que fazia com e por você e não fui capaz de fazer por quem estava ao meu lado neste meio tempo.