terça-feira, 12 de julho de 2016

Nostalgia

Cada dia que passa me traz a convicção de que você foi o tal amor da minha vida. Ou é. Difícil definir o que foi, o que é ou o que será quando se trata de sentir. Eu sinto, e só.

Me sinto só.

E hoje eu chorei de saudade. Chorei como criança perdida no supermercado. Chorei como adolescente de coração partido. Chorei como adulta sem chão.

Nem faz tanto tempo que você partiu, mas eu sinto como se fizessem décadas. A dor da sua partida, de te deixar partir, de nos permitirmos viver um sem o outro quando isso já não parecia possível, de nos afastarmos a ponto de não termos mais qualquer tipo de contato ou vínculo.

Você representou meus melhores e piores momentos, meus melhores e piores sentimentos. Com você eu fui aos céus de tanta satisfação e ao inferno de tanta insegurança. Com você, meus sentimentos eram primais, puros, instintivos. Era meu coração na sua forma mais crua.

Houveram outros depois de você, sim. Me apaixonei, fiz planos, tive meu coração partido novamente. Porém, nada se compara. Hoje você é mais um eu-lírico, porque minha memória já não consegue mais se lembrar do seu rosto, dos seus trejeitos, da cor dos seus olhos ou do seu cheiro. O que a minha memória guardou foi a sua voz. Fecho meus olhos e consigo te ouvir perfeitamente me chamando. "Luca".

Hoje, só uma pessoa me chama desta forma, no trabalho. E a cada vez que ele diz meu nome desta forma, "Luca", um arrepio me percorre o corpo e te sinto me tocando levemente.

Me esqueci do teu beijo, do teu carinho, do teu silêncio. Me descobri em outros braços, em afagos sem fim, em um romantismo que eu sempre quis, em um sexo fenomenal. Notei que não me encontrava quando a palavra cantada não tinha o seu timbre e quando o esforço em me entender não era como o seu.

Essa pessoa foi essencial para que eu me redescobrisse capaz de me apaixonar novamente. Não era amor, não como o nosso, que me fazia perder toda a moral e bons costumes, me permitindo lamber seu nariz ou sua axila apenas por diversão, me fazendo rir a cada rompante seu dizendo "Não há tempo para explicações! Suba em meu velociraptor que te explico no caminho!", me fazendo querer ser tua castelhana em nossa querência.

Passaram-se dois anos desde que te dei as costas no aeroporto e não tive coragem de olhar para trás. Você queria superar o homem da minha vida e tornar-se ele; pois bem, você conseguiu.

Me pego pensando como seria se você escolhesse voltar a essa altura. Quem sabe teríamos nossa vidinha, nossa Malu, nossos sonhos de volta. E isso, eu sei que eu não toleraria - simplesmente porque aquele menino que eu tanto amei tornou-se um homem completamente diferente do que era prometido.

Mas a vida tem dessas. Morremos um para o outro e nos tornamos pessoas completamente distintas daquelas pelas quais nos apaixonamos e nos doamos. Meu desejo para você é somente que você seja feliz.

Meu desejo para mim é que eu me sinta daquela forma novamente, capaz de fazer tudo aquilo que fazia com e por você e não fui capaz de fazer por quem estava ao meu lado neste meio tempo.

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