segunda-feira, 11 de abril de 2011

30 Cartas, 30 Dias #09

Dia 09 - Alguém que eu gostaria que pudesse responder.

Eu não sei exatamente como as coisas serão daqui pra frente. Parece que quanto mais a gente tenta resolver as coisas, piores elas ficam. Não seria bem mais simples se a equação "EU TE AMO + VOCÊ ME AMA = FELIZES PARA SEMPRE" funcionasse?

Pena que as coisas não funcionam desse jeito. Não sei do que você tem medo, se é que é medo e não um outro sentimento que faz com que você fique preso, imóvel. É difícil entender que eu posso mudar tudo, dar um nó no meu mundo, deixar muitas coisas e muita gente para trás enquanto o teu maior esforço é verificar se eu posso ser aceita. Enquanto eu abro o peito e enfrento o mundo por sua causa, você se esconde debaixo da asa de alguém temendo o futuro.

Eu sempre entendi que as pessoas devem correr atrás e lutar pela sua felicidade. Mas nesse jogo multiplayer não consigo mais nos ver como uma equipe. O que eu vejo é que sem a aprovação de outras pessoas, nós nunca poderemos construir a vida com que viemos sonhando nos últimos dois anos. E quando o assunto é aprovação, a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco - neste caso, o meu.

Eu sempre disse que mentiras não valem a pena, que elas apenas mais machucam do que oferecem soluções. Mas não adianta, a mentira está presente entre a gente desde o primeiro encontro. E é essa mesma mentira que faz com que a gente acabe se afastando, mesmo quando o que mais queremos é ficar juntos, lado a lado.

Se a gente realmente se gosta, se a gente realmente quer ficar junto, por que outras pessoas devem dar este aval? É a minha felicidade e a sua que estão em jogo. Pode até parecer que o mundo vai acabar se você lutar por isso, mas não. Ele vai dar uma volta inteira e voltar pro seu lugar.

Enquanto eu me pego lutando contra bruxas e fantasmas, você bebe um vinho com o dragão. É muito difícil lutar sozinha, especialmente quando não se vê resultados, nem esperanças. Pode até haver luz no fim do túnel, mas eu tenho certeza de que se trata de um trem na contramão.

O que eu sempre pedi, pra todos os homens importantes que despertaram meus sentidos, foi para que me assumissem. Me assumir não é pagar as minhas contas, não é me visitar quando a esposa dá uma brecha, não é andar por aí olhando de soslaio para os lados, afim de que não sejamos descobertos. Descobertos por quê? Por quem?

Até onde sei, gostar de alguém não deveria ser uma dívida, e sim uma dádiva - principalmente quando este sentimento é recíproco. Acho que nós deveríamos estar preocupados com os planos pro futuro, como conquistar nossos desejos, como realizar nossos sonhos; e não em como fazer para que não nos descubram, para que não interfiram.

A felicidade em questão é minha e sua. Não é do Joãozinho, da Mariazinha, do Pedrinho ou da Aninha. Sou eu e você - e mais ninguém. Ninguém pode saber o que se passa porque eles não estão dentro da gente - não sabem o tamanho do amor, do carinho, do companheirismo, da saudade, da vontade. E nem nunca vão saber.

As pessoas se fecham em um mundinho onde cada coisa está no seu lugar. Se é certo ou errado, não é a questão, a questão é as pessoas não aceitarem interferência em seus mundos, mesmo quando a mudança é no mundo do cara ao lado. Não entendo essa necessidade de satisfazer os desejos dos outros acima dos seus. Precisa de aceitação? Eu te aceito, assim, como você é. Precisa de carinho e atenção? Eu te espero todos os dias, com o seu café pronto e meu colo pra te aninhar. Precisa de uma cama quente? Comprei dois edredons essa semana. Mas o que eu faço e o que eu me disponho é pouco. O que interessa são sempre os outros. Talvez porque eu seja realmente uma tonta que deixa claro que sempre estará te esperando.

Acho que o que eu mais queria era ver que você acha que eu valho a pena o suficiente para enfrentar o mundo. Lutar por mim, por você, por nós. Deixar que os outro pensassem o que quisessem, e deixasse claro que a opinião deles não importa. Que só queremos construir e não aceitaremos destruição.

Pena isso tudo se tratar de utopia.

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