domingo, 28 de setembro de 2014

Ao pó voltarás

Minha última postagem foi logo depois de uma decisão dura. E cá estou eu, quase três anos depois, numa situação semelhante. Eu sabia que não seria fácil. Sabia que ia doer, que haveriam lágrimas, que haveria ausência. Como é difícil... Perder o chão, a alma e as esperanças - aquelas mesma que floreavam o meu dia a dia. Ele se foi. Em nosso último reencontro, eu disse que se ele partisse novamente, não teria volta, seria definitivo. E foi. Me sinto grata por ter tido a oportunidade de amar de uma forma tão densa, tão profunda, tão cheia de entrega. Fiz do mundo dele o meu mundo. Fiz dele o meu mundo. Mas foi tudo em vão. Meu mundo não existe mais. Não consigo mais acreditar naquilo que passamos a vida ouvindo, sobre o universo conspirar a favor, sobre justiça divina, karma... Se o universo conspira a favor, por que tudo sempre foi tão complicado? Se justiça divina existe, por que tantas mentiras sobrepõem o que era verdadeiro? Eu me dediquei tanto. Fiz coisas que me julgava incapaz de fazer, perdoei atos imperdoáveis, esqueci o que deveria lembrar e deixei passar a poeira debaixo do tapete. A troco de nada. Cinco anos a troco de nada. Me dei ao luxo de provar outras bocas, outros gostos e outros cheiros. É bem difícil encontrar algo que se sabe onde está e não se pode ter de volta. Não existem similares nem genéricos. Meu coração e meu corpo não aceitam isso. E então, percebemos que não somos nada. Somos apenas pó, daquele tipo que se varre pra fora de casa sem pestanejar. O amor, a paixão, o sexo, o carinho, o querer-bem... é tudo pó. Acontece, vida que segue. Aos trancos e barrancos, sigo trabalhando mais de 12 horas por dia para esquecer. Para não pensar. Para que o hábito tome forma definitiva, para que essa esperança burra desapareça, para que eu canse de esperar. Porque, no fim, é assim. O fim. Frio e cruel.

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