quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Abuso: o preço do silêncio

Semana passada minha melhor amiga foi agredida pelo namorado. Além de dar todo um apoio pra ela, acabei tendo que lidar com velhos esqueletos escondidos no meu armário, o que fez com que de uns dias pra cá eu tenha andado mais pra lá do que pra cá.

E não, ela não fez B.O. E eu entendo o porquê. É uma mistura de raiva, frustração, decepção, humilhação e incapacidade tão grande que a única coisa que se quer é dormir. Por uns bons anos.

Como eu sei disso?

Bem... A minha primeira vez não existiu. Com 16 anos, fui ingênua em um acampamento e quem eu considerava meu melhor amigo me levou numa barraca bem rapidinho e abusou de mim, ébria e apavorada.
Em vez de me fechar, tive a reação contrária: virei uma pequena promíscua, o que fui até encontrar alguém que eu amasse. Dava realmente pra que eu quisesse, quase que mecanicamente, sem sentir direito o que estava fazendo. Acho que estava tentando afirmar que o corpo era meu e eu fazia o que bem entendesse com ele, mesmo que ele tivesse sido violado. Era meu. Só fui gozar com 20 anos - como foi bom! - e eu disse "eu te amo" sinceramente pela primeira vez.
De certa forma, esse trauma contribuiu para que eu me tornasse a mulher que sou hoje. Mas sou torta, fiz tudo ao contrário. O normal para uma garota que passa por isso é se fechar. A maioria das mulheres que foram abusadas fica com seqüelas psicológicas sérias. Isso porque, diante de um trauma tão violento, algumas pessoas escolhem esquecer a lidar com ele. Mas nada se esquece e nada passa; vai tudo ficando amontoado no subconsciente.

Um comentário:

Anonymous disse...

Luca, leia seu e-mail.
Com os cumprimentos...