terça-feira, 8 de julho de 2008

O mundo é um conto de fadas extraordinário e único

Imagine que, há muitos bilhões de anos, no momento em que tudo foi criado, você estivesse no umbral desse conto de fadas. E tivesse a opção de nascer neste planeta se quisesse. Não saberia quando ia viver nem quanto tempo passaria aqui, mas, fosse como fosse, seria apenas questão de alguns anos. Só saberia que, se decidisse um dia nascer neste mundo, quando chegasse a hora ou, como se diz, quando o "ciclo se fechasse", teria de deixá-lo e a tudo o quanto nele existe. Talvez isso o contrariasse bastante, pois muita gente acha a vida neste grande conto de fadas tão maravilhosa que chega a ficar com lágrimas nos olhos só de pensar que isso vai acabar. Tudo aqui pode ser tão bom que dói pensar que um dia não haverá outros dias.
A gente vem uma única vez a este mundo. E não passamos senão um breve momento aqui. O brevíssimo momento que nos é dado viver neste mundo é minúsculo em comparação com a eternidade em termos de tempo anterior e posterior.
Tenho comigo a tristeza de saber que um dia terei de partir. Aprendi a pensar em "noites como esta, em que já não me será dado viver."

Não me diga que o mundo não é um conto de fadas.

Quem não percebeu isso, talvez, só chegue a compreendê-lo quando a história já estiver chegando ao fim. Porque, então, nós temos uma derradeira possibilidade de nos entregarmos a este milagre do qual temos de nos despedir, o qual temos de deixar.

O mundo! Neste caso eu nunca o alcançaria. Jamais viveria o grande segredo.
O espaço! Nunca ergueria a vista para contemplar o esplendor de um céu estrelado.
O sol! Nunca poria os pés na areia quente de Copacabana. Nunca saltaria na água de cabeça.

Compreende todo o alcance? Percebe de corpo e alma o que significa não ser?
Fico furiosa quando penso em desaparecer um dia - e então vou partir não por uma ou duas semanas, não por quatro nem por quatrocentos anos, mas por todo o sempre.
Tenho a sensação de que me pregaram uma peça, pois primeiro alguém chega e diz: "tome, o mundo é todo seu, pode ficar aqui à vontade. Estes são seus amigos, seus amores, esta é a criança que você vai gerar, educar e amar." Para depois gritarem: "primeiro de abril, primeiro de abril, você caiu feito um patinho!". E então voltarem a me arrancar o mundo das mãos.
E não é só o mundo que eu perco, não é só tudo e todos que amo. Eu me perco a mim mesma.

PUFT! - e eis que eu sumi.

Fico furiosa porque eu vi o diabo, olhos nos olhos. Mas não quero deixar que este diabo tenha a última palavra. Evito o mal antes que ele me domine. Opto pela pontinha de bem que me foi concedida, e talvez exista algo que a gente possa chamar de o Bom ou a Boa. Quem sabe não há uma força reinando acima de tudo?
Sei que o mal existe, pois vi seu rosto na beira do precipício. Mas também sei que existe o bem. Sei que entre dois abismos existe um vale onde desabrocha uma bonita flor.
Existe uma coisa chamada "fome de viver", e, apesar dos pesares, eu não preciso viver esses dois abismos. Eles não existem, para mim não existem. A única coisa que existe é um verde vale.

Melhor viver alguns breves instantes na Terra ou abrir mão disso por não concordar com as regras?

** Eu não acredito em muitas coisas, juro que não. Mas o sonho do improvável tem nome. Chama-se "esperança". **

5 comentários:

duende amarelo disse...

Bom, depois de ler o texto me veio vááárias perguntas em mente...tipo

A Porra-Luca voltou a escrever memo?
É pra valer?

Uuuiiaaa....rs..

Bom, comentando um pouquinho o texto é interessante, nos faz pensar o qto somos mesquinhos e mimados com as coisas bestas, como implicamos com as merdas mais absurdamente simples de se resolver (basicamente na conversa, e não chutando tudo) Eu acho que a única regra que temos que ter com a gente é....Carpe Diem Baby and Let´s Rock forever!

Bjos Luca queriiiiiiiida!!

:: Luca :: disse...

Já falei... tenho medo de anônimos.

Mr. Black disse...

Li e reli o post. Pensei, pensei, pensei e não sabia o que comentar. Mas eu tinha que comentar!
O que? Como?
Não gosto de comentários duros, robóticos: "Adorei o teu blog!", "Òtimo". Isso seria redundante!

Ameeeeeeeeeeeei!! rs

PS1: Também tenho medo de anônimos.
PS2: Também olhei nos olhos do diabo e ele resolveu me evitar...

John Doe disse...

Se você olha muito tempo para escuridão, as vezes, ela olha devolta pra você...

Olha não sei se o mundo é mesmo esse conto de fadas, mas me recuso a perder totalmente essa crença, acho que sempre vou acreditar um pouquinho mesmo quando tudo insiste em me dizer que não... o vida não é justa o mundo é cruel e as pessoas mentem... esse é o mundo que eu vivo...

Anjoloko disse...

Veja bem (e, como sempre digo, começou com "veja bem"... já começou errado!): sonho ou realidade, marionetes dos deuses ou muppet babies de nós mesmos... tudo corre em espirais.
Nossos erros, dissabores e desamores já foram cometidos por tantos outros e ainda são repetidos por nós mesmos tantas vezes que acabamos seres chatos e óbvios.
Mas quando fazemos o mais óbvio dos óbvios - atentar aos pequenos detalhes, aos pequenos sorrisos, ao vento no rosto e música de estrada rolando - só nos resta aquela boa e nem tão velha frase industrializada:
"Amo muito tudo isto"!
E aí vale VIVER!!!! Mascaramos a obviedade com o nome de esperança mas ao menos deixamos de ser tão chatos e aproveitamos a vida!
Eu que já tive aí algumas vidas nas minhas luvas como vc bem sabe, digo convicto: Não importa o fim, desde que ao chegar nele não haja dúvida sobre se ter feito valer os meios!

Beijos!!!!!!!!!!!

P.S.: Meu primeiro aqui, hein?! Filosófico... mais tarde chuto o pau da barraca!